quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ansioso pelo resto do dia.

Tudo começa com um sonho. Um estúpido sonho. Sonhava que os três despertadores que são necessários para quotidianamente me arrancarem da cama estavam aos berros. No meu sonho, desligava-os mas eles continuavam a debitar decibéis de desespero. Um barulho infernal. E eu já com uma camada imensa de nervos por não conseguir calar os bastardos.
Afinal era um misto de sonho com realidade e eles estavam verdadeiramente de pulmões abertos. Eu é que estava a sonhar que os estava a tentar desligar. Abro os olhos, vejo as horas.
CARA***!
Salto da cama, piso o cão, cão queixa-se, cão morde-me a perna por vingança, escorrego à saída do quarto, felizmente o chão ampara-me a queda, não tenho água quente, vou ver o que se passa, relógio não pára, já tenho água quente, tomo duche, falta novamente a água quente, vou a pingar e tremer cheio de gel de duche no corpo pela casa fora ver outra vez o que se passa, volto a escorregar, desta vez só bato com o cotovelo numa esquina e fico com uma dor fininha que me faz ganir, cão acompanha o concerto, acabo duche, visto-me ao mesmo tempo que como alguma coisa e ponho a trela no cão. Saio. Chove quanto Deus a dá. Volto a casa, pego no guarda-chuva, volto a sair, os senhores da câmara decidiram que era hoje que iam capinar a selva que outrora foi um jardim, vou para o percurso alternativo, todos os outros cães e respectivos donos o fazem, cães a mais e espaço a menos, chove ainda mais mas desta vez com rajadas de vento, cães engalfinham-se uns nos outros, guarda-chuvadas em cães e donos, caos canino total, volto para casa encharcado, com o gurada-chuva já estragado por causa do vento e da porrada, continuo atrasado, saio, esqueço-me novamente do guarda-chuva, volto a casa, saio, esqueço-me da papelada, volto a subir, saio, esqueço-me do lixo, volto a subir, o cão já tinha dado conta que o saco do lixo estava ali a pedi-las, largo tudo, limpo tudo, pego no saco do lixo, saio, esqueço-me outra vez da papelada, volto a subir, volto a descer. A cabra da vizinha que tinha estado sempre durante este tempo todo no hall do prédio atira-me um "manhã agitada, ein?", e eu quase lhe digo em voz alta que mesmo assim há-de ser menos agitada que a vagina dela, a avaliar pelo entra e sai de gajos em casa dela durante todo o dia e noite. Olho para o relógio, calafrio na
espinha, carrego-lhe no acelerador. Por cerca de 5 metros. Trânsito muito lento. Chego quase uma hora atrasado. Peço desculpa. Desculpa porquê? Não é hoje.... É de hoje a oito.
Páro. Saio. Meto-me no carro, desligo o rádio e faço um minuto de silêncio.

Ansioso pelo resto do dia....

14 comentários:

  1. Eu voltava para casa,e ninguém me arrancava de lá nas próximas 24 horas...

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  2. Só um minuto? Eu faria pelo menos uma hora de silêncio total...:):):)
    Fiquei cansada só por estar a "seguir" o seu percurso...ufa!

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  3. Até eu estou cansada...só de ler!
    Boa sorte
    Cláudia

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  4. Pelo sim pelo não, mandava benzer a casa...
    Mas do mal o menos, afinal a aflição era só na semana seguinte...

    Bjokas

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  5. Ena! Não sou só eu!! Já não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que chego esbaforida para algo que só deverá acontecer num outro dia... ;)))
    meu caro Disse, tenho uma má notícia para ti! Isso piora com a idade! ;))

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  6. um minuto de silêncio é pouco

    há quem faça do silêncio uma vida

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  7. Rosa Negra:

    Lá vontade não faltou... mas não pôde ser...:)

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  8. Maria Teresa:

    Foi de facto extenuante. Um dia em pouco mais de uma hora, com tudo condensado.

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  9. Anira:

    E uma bruxa que leve baratinho? Não se arranja por aí?

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  10. Malena:

    Infelizmente já me apercebi disso... :((((

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  11. الرجل ذبح بعضهم البعض ولكن الخيول باهظة الثمن

    Os meus silêncios são ruidosos demais para que a minha vida não se aperceba deles.

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  12. wine:

    foi o que fiz. nada que uns pranayamas e uns mantras não tenham resolvido....:)

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  13. Cláudia:

    Pois.... e foi semelhante cansaço....

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