E foi assim. Em pouco mais de um mês mais uma notícia das que nunca se quer ouvir. Mais uma morte, mais um desaparecimento. Começo a ficar farto da finitude da vida que me dá tanto trabalho a sustentar, farto das minhas preocupações que de um momento para o outro não parecem nada quando tudo acaba mas que não me deixam ser feliz. Mais um vazio. Mais uma falta. Deus tem e chama os que mais ama, é verdade, mas porque temos nós que sofrer por uma coisa que nos deveria então dar de alguma forma conforto e paz?
Estou farto de ver partir tanta gente. E o mais estúpido de tudo é que cada dia que passa está mais perto uma partida de alguém que conheço que gosto ou que amo. E cada dia que passa está mais perto também o meu fim e o teu.
Tenho tantos problemas para resolver...
Tenho tantas coisas que quero viver...
Tenho tantas coisas que quero experimentar...
Quero dizer a tantas pessoas que já não vejo ou ouço desde sei lá quando, que são importantes para mim...
Tenho tantos beijos e abraços para dar...
E temo não conseguir chegar a todos e a tudo na minha finitude.
E escorrem-me lágrimas enquanto escrevo isto porque passaria outros tantos anos de vida dos que já tenho só para agradecer a Deus o que me deu e a todos os que tenho no coração o que me deram que são os culpados de eu ser assim. E eles são os meus deuses dos dias e das noites.
A vós, o meu obrigado por existirem, o meu amor por me amarem, o meu tudo pela vossa simples existência, que faz mais belos os meus dias.
A Ti, meu Deus em que creio, peço-te que me dês só mais tempo. O necessário para agradecer a todos os que de algum modo me fazem sentir aquilo que tu queres que eu sinta como Teu filho.
A todos os outros que nunca lerão estas palavras ou nunca ouvirão da minha boca aquilo que lhes quero dizer, deixo as palavras da minha querida e amada Senhora Guiomar, que com 98 anos, sem saber que era a última vez que me via, disse-me: "Não sei quando nos voltaremos a ver nesta terra, mas tenho a certeza que nos encotraremos no céu. Até ao Céu!"
Sabes uma coisa... é a porcaria de já sermos crescidos... Começamos a ter cada vez mais perdas com a idade. Eu já perdi pai, avós, amigos, enfim tenho uma turma lá em cima, maior do que a claque do Barcelona e quase todos os anos somos menos por aqui. Por isso meu amigo, não deixes de dizer o que te apetece, de fazer o que te dá na gana, de abraçar e beijar muito.
ResponderEliminarNão é que a vida seja curta, nós é que perdemos muito tempo.
Beijinhos
Já tenho tido pensamentos semelhantes aos que aqui nos deixa...Na linha directa da minha família estou no topo, espero nunca ver ninguém mais "abaixo" fazer a grande viagem, quero ter o prazer, exigo-o, de ser a primeira!
ResponderEliminarNão penso muito nisso e vou aproveitando o melhor que sei e posso, o tempo que medeia entre o hoje e esse dia.
Abracinho terno
Apetecia-me chamar-te de parvo por me teres feito chorar.
ResponderEliminarAh e já agora aproveito para te dizer que gosto de ti.
Gostava tanto, mas tanto, de acreditar em Deus assim tão completamente!
ResponderEliminarPercebo-te muito bem! Bem demais, até! As perdas têm sido muitas e, agora, a mãe doente e o pai a perder as memórias que nos ligaram a vida inteira... Viver custa que se farta! Mas tu tens a tua fé e de certeza que tens amigos verdadeiros para te acompanharem nessas agruras. Pareces merecedor de amizade e carinho! Eu só posso oferecer-te o meu abraço virtual de solidariedade.
A vida é bonita, mas a verdade é que há momentos em que não parece.
ResponderEliminarApeteceu-me vir dizer-te que sinto a falta de te ler. Espero que as perdas comecem a ser mitigadas por muitas alegrias. :)
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