quinta-feira, 27 de junho de 2013

Greve Geral


                Pelo que vejo das imagens televisivas, a maior parte dos plenários de hoje foram realizados em areais, de onde ninguém desmobilizou, simbolizando a luta do proletariado que é tratado como grãos de areia pisados quotidianamente. Fácil foi constatar também a quantidade inédita de piquetes a evitar a ondulação mais forte proveniente dos grandes interesses do capital. Tudo isto em sintonia com as manifestações contra o imperialismo capitalista e o estado da agricultura e pesca portuguesas, resultando naturalmente no alavancar do consumo de produtos nacionais, com especial ênfase nos derivados líquidos de cereais (mormente cevada, malte e lúpulo) provenientes do Alentejo, a acompanhar o grito da revolta piscatória com abundante uso de determinado peixe clupeídeo marítimo.
     
               


segunda-feira, 24 de junho de 2013

A sério?

A sério que há mais de um ano que o há-des está órfão?

Vergonha....

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Final de Dia 1 e Dia 2

As saudades eram de facto muitas. Há quanto tempo, Al.??? Quase dois anos. Mas as verdadeiras amizades são assim. Podem ter sido quase dois anos, mas quando nos reencontramos o espírito é aquele de "que fizeste na semana passada?".

Fomos ao seu restaurante favorito, nos únicos e peculiares subúrbios de Londres.


A mesa posta, à nossa espera. Um Prosecco soberbo a abrir as hostilidades e um genial Chianti a acompanhar as palavras que saíam e nos faziam ora rir escabrosamente, ora limpar lágrimas que caíam descontroladamente. A verdadeira amizade é assim.Não conhece limites, não conhece o que é socialmente correcto ou incorrecto, não conhece hora certa ou incerta, não conhece outra coisa que não seja a luz mesmo no meio da escuridão.

Quantas horas estivemos no restaurante?
Quantas horas estivemos a passear depois do jantar?
Quantos abraços demos?
Quanto tempo estivemos de mãos dadas?

A verdadeira amizade não conhece circunstancialismos de tempo ou lugar.

Exaustos, fomos descansar. Daqui a poucas horas terás que trabalhar e eu terei que continuar. Para longe. Mas já sabes minha britânica amiga, e se tinhas dúvidas, desapareceram. Sempre te trouxe no coração e daqui a pouco levo mais um pouco de ti, levo a alma cheia, vais também comigo.

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Tempo só para ver alguns mails, confirmar o que já estava confirmado e afundar-me na cama. Deixei a persiana da enorme janela aberta e, enquanto ouvia uma coruja debitar a sua sabedoria, entreguei-me nos braços de Morfeu. Suspirando, de alma a transbordar, ainda me lembro de mandar um berro na língua que ainda hoje nos une para que ela ouvisse: GRAZIE!!!!!!


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Cinco da manhã. Terei efectivamente dormido? A casa estava escura, o dia ainda não tinha nascido. Desci depois de me ter arranjado para tomar o pequeno-almoço e ir para a rua. O Táxi que me levaria ao aeroporto não tardaria a estar à porta. A Al. ainda dormia. Antes de sair, peguei numa folha de rolo de cozinha e escrevinhei meia dúzia de frases e meti dentro da sua carteira.

Já a mala estava dentro do Táxi, e eu com meio corpo dentro do carro, quando ouço um "Hei!!!". Olho para a origem do som. Era a Al. Estremunhada e de pijama, estava à janela. "Dimmi!", respondi-lhe. "GRAZIE!!!!", gritou.

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Ci vedremo. Presto. Ne sono sicuro.

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Já em Heathrow, parei para admirar (pois... a minha paixão por aviões...) o A340-600 que me levará à minha próxima etapa. Serão sete horas de viagem.





Estou por minha conta agora. Começo por tentar reparar nas mais de 300 pessoas que embarcarão comigo neste voo. Não vale a pena. Vamos a isto.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dia 1

Nota: Tudo isto será publicado já depois do meu regresso, visto ter tido problemas informáticos. Lancei mão, naturalmente, de tudo o que fui escrevendo durante a viagem.

 Dia 1

Como sempre, sempre a correr. Mesmo que a lista das coisas a fazer e a levar estivesse feita com 3 dias de antecedência, seria interessante estudar o fenómeno do seu desaparecimento 24 horas antes de ser efectivamente necessária (sempre foi assim).
Vou.
A caminho de Lisboa vou mentalmente percorrendo o que me tinha ficado da lista na memória e constato que muita coisa fica para trás.
Mas não interessa. Há mais de um ano e meio que não tenho um dia de férias.
Passaporte - OK
Bilhetes - OK
Cartão de Crédito - OK
À merda tudo o resto. Só preciso disto.

Já na porta de embarque. Nunca perceberei o porquê do povo fazer uma fila imensa mal começa o embarque e fica ali, especado, minutos infindáveis. Sou sempre dos últimos a embarcar. O meu lugar está assegurado, logo, não tem sentido outra coisa senão aguardar que o rebanho entre e a seguir, calmamente, vou eu.




A TAP sempre será a TAP. Com todos os defeitos, é a minha TAP. Levar-me-à ao meu primeiro destino: Londres. A Al. estará à minha espera. Tenho saudades dela.




sexta-feira, 30 de março de 2012

Antes de ir

Tudo pronto, marcado e reservado.
14 dias
8 cidades
5 horas de comboio
20 horas de autocarro
61 horas de avião
3 continentes
53 mil Km
Estar nos antípodas
Onde não posso atender chamadas pois a diferença horária é de 12h (hahahahahha)
Antes de partir deixarei plasmada a útima loucura feita (telefononicamente).
Até Já!!!!
Disse.

domingo, 18 de março de 2012

De volta para dizer até já

De volta....

Parece que foi ontem que deixei as últimas linhas. Mas não. Foi já há tanto tempo...
Tanto se passou, tanto ri, tanto chorei, tanto simplesmente (sobre)vivi.
Eis-me aqui.
Para vos dar um abraço apertado, sim, a todos vocês que nunca desistiram de mim.
Em menos de um mês deixarei tudo o que tenho para uma experiência louca de 15 dias. Prometo que darei notícias, porei fotografias, escorrerei tinta por este meu pedaço de mim esquecido na imensidão da blogosfera.
Antes disso direi alguma coisa.
Vou ver se me encontro. Por aí. Longe.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Doce de Beterraba

"Doce de Beterraba"

"Ingr: Beterraba 60% Açúcar 40%"


É tão somente isto. Agora o que leva a que dentro de um frasco com uma apresentação irrepreensível venha mais do que beterraba e açúcar nas devidas proporções é toda uma outra história.

É a história de uma amizade e de um carinho, do mais puro e desinteressado que há, na medida em que conhecimento pessoal não há, apenas o virtual.

Uma palavra leva a outra, uma provocação leva a uma conversa, e.... nasce uma amizade.

E essa amizade, aliás, essa Amizade, faz com que dentro de um frasco venha tudo o que de doce uma Amizade pode trazer.

Chegar assim a casa depois de um longo dia de trabalho e ver um caixotinho todo aprumado, orgulhoso do seu conteúdo, à espera, adoça a alma, polvilha com açúcar o coração e faz nascer um sorriso de Sol no quente entardecer.

Doce de Beterraba

Ingr: 50% Amizade, 50% Carinho

Indicado para: fazer mais felizes os meus dias.

Obrigado.

domingo, 28 de agosto de 2011

Outra partida

Estou tão cansado de ver os meus amigos partirem...
Descansa em paz, Fernando.
Foste ter com o Pai.
Ficam estrelas e lágrimas.

RIP

sábado, 18 de junho de 2011

Dona Natália (curtos pensamentos para um grande carinho e gratidão)

Sempre ouvi dizer que a Dona Natália lá entrou em casa quando eu fiz um ano de idade. Naturalmente não me lembro. Mas lembro-me que desde que comecei a lembrar-me das coisas a Dona Natália estave lá. Sempre.



A Dona Natália lavou-me fraldas, cueiros e demais roupa (interior ou nem por isso).



A Dona Natália viu-me ir para o colégio. Foi levar-me buscar-me. A mim, petiz metido dentro daquele bibe que mudava de cor consoante o ano.



A Dona Natália viu-me ir para todos os graus de ensino. Viu o meu primeiro espalho de bicicleta e viu-me orgulhoso no primeiro dia que conduzi um carro.



A Dona Natália viu-me ir para a faculdade e lavou-me peças de roupa meio vomitadas depois de "sabatinas de estudo", especialmente ao fim-de-semana. Viu-me licenciado e viu-me sair de casa dos meus pais.



A Dona Natália, cuja história pessoal se funde com a nossa história naquela casa, desde sempre e até ao dia em que de lá saí, tratou-me por "menino".



Chegou a ser a causadora de eu me ter tornado alvo de chacota durante uns tempos. Depois de licenciado, já a trabalhar, mas ainda em casa dos meus pais, um dia toca o telefone. Uma chamada profissional. Perguntam pelo dr. Disse. Como sempre, e sem mácula, a Dona Natália responde: "Só um bocadinho, que vou ver se o menino já acordou".



A Dona Natália batia à porta do meu quarto de manhã. Perguntava se podia entrar e trazia-me o pequeno-almoço. Sempre o que eu mais gostava.



Nunca se esqueceu de um aniversário meu e sempre me oferecia qualquer coisa feita por ela.



Mas a idade limitou-lhe os movimentos e embora contrariada, decidiu que era hora de parar de trabalhar. De ir para sua casa. De descansar.



Faz agora dois anos que saiu.



Um dia destes fui almoçar a casa dos meus pais.



Quando saí do carro reparei que estava alguém nas traseiras do prédio, nas escadas para o terraço. A figura era-me familiar. Aproximei-me. Era a Dona Natália. Sentada nas escadas chorava.



Que se passa Dona Natália?



Ó menino que não quero que me veja assim. Ó menino que cada vez que aqui passo não me aguento e choro. Ó menino que saudades. Ó menino que infelicidade já não poder trabalhar. Ó menino que vocês me fazem tanta falta.



E eu sentei-me nas escadas ao lado da Dona Natália. E abracei-a.



Obrigado, Dona Natália. Por tudo.

A passadeira central

Chegaram assim. Sem aviso. Numa plácida e queda Quinta-feira. Máquinas, tubos, pedras, camionetas e camiões, tractores, contentores e afins. Tudo aqui à frente de casa. Tudo aqui na "praceta", tudo aqui na "quinta".

O burburinho cedo começou. Que se passa? Que se passará? Que vão fazer aqui? O mistério adensava-se à medida que os dias iam passando e cada vez se via mais parafernália. Gente... nada. Veio o fim-de-semana. Nada.

Veio a Segunda, veio a Terça, a seguir a Quarta e a Quinta... nada.

Veio a Sexta. E com ela cartazes. "Obra a cargo da Junta de Freguesia". Por baixo um desenho técnico das obras que se iniciariam e que todos foram ver. Uns juravam a pés juntos que seria um jardim. Outros garantiam que aquilo era um fontanário. Outros um parque infantil. Outros, mais cautelosos, aventavam que seria "uma merda qualquer".

Uma semana e meia depois começavam os trabalhos.

Com uma precisão mecânica suiça, impreterivel e impressionantemente, chegavam todos os dias entre as oito e meia e o meio-dia menos um quarto. Ao meio-dia paravam.

Dois africanos, um magrebino e um europeu de leste.

Se chovia, paravam os trabalhos para se abrigarem da água.

Se estava sol, paravam os trabalhos para se abrigarem dos mortíferos raios solares.

Se estava nublado, paravam os trabalhos para se abrigarem da depressão.

Feliz ficou o dono do café da esquina que no período da manhã começou a aviar não só os sempre monótonos cafés, mas as fresquinhas "mines" que saiam ora à cadência dos raios de sol ora à cadência das gotas de chuva. Ou disfarçadas na bruma.

Muitas vezes também os quatro trabalhadores viam-se forçados à incrível e cruel injustiça de terem que levantar o recto do tabique e correrem(!!!) para a obra porque vinham os 8 coletes amarelos que por uma hora os cercavam. Dois representantes da Junta, um representante da Cãmara Municipal, um arqueólogo, um engenheiro, o "dotôr", um fiscal camarário e um tipo que ainda que com colete amarelo e capacete enterrado nos cornos, nunca fez outra coisa senão estar ao telemóvel.

A coisa durou 7 semanas.

Na oitava semana apareceu a grande placa: "Passadeira Central".

Pois foi. Dois meses e uns valentes milhares de Euros depois, surgiu uma passadeira/lomba de proporções himalaicas em calçada e alteração dos parqueamentos. A "passadeira central" liga nada a coisa nenhuma. Nem os cães lá passam. Perderam-se mais de 15 lugares de estacionamento. O camião do lixo já não consegue passar. O camião da reciclagem já nao vem. Os carros mais baixos batem no asfalto se vão a mais de 3 Km/h.

Mas estamos muito mais felizes. Podemos morrer em paz.

Temos uma passadeira central.