quinta-feira, 6 de maio de 2010

Faz hoje 16 anos



Faz hoje, agora, precisamente 16 anos. Foi às 0h00 do dia 7 de Maio de 1994. Sexta-feira, como se impõe, como sempre foi, como penso que sempre será. Ouvia, a medo, no meio de tantos outros milhares de "morcegos" os primeiros acordes das guitarras portuguesas que ecoavam no largo da Sé Velha para a Serenata Monumental que haveria de dar início à Queima das Fitas. Desde o primeiro minuto senti que o meu lugar era ali. A velha academia recebia-me. De braços abertos. O Fado de Coimbra entrava em mim e fazia-me vibrar. Vi gente a chorar, e na altura não percebia porquê, vi gente apática, histérica, alcoolizada, sempre sem perceber porquê. A cada dia do meu percurso académico fui percebendo, e lembro-me que na minha última Serenata Monumental também chorei, também estive apático, histérico e alcoolizado. Tudo num mesmo momento. Ou não, que o Fado tem destas coisas e compartimenta emoções.

A Serenata Monumental é sempre um marco. Impressiona e atinge letalmente mesmo o coração mais empedernido. Ninguém consegue ficar indiferente a este Fado que não é música, ao Fado que não é castiço e nem piada tem. Ao Fado que não deve ser aplaudido por ser ofensivo aplaudir tal canção coimbrã. O Fado de Coimbra é um choro cantado, acompanhado pela carpideira guitarra. Juntos fazem uma elegia difícil de entender racionalmente. Só se sente, só se pode sentir.
Neste momento, estarão milhares de estudantes - "morcegos" - ali. Uns pela primeira vez, outros pela última. Alguns chorarão também. E perpetuarão a academia. E levarão um pouco de Coimbra com eles, sendo que Coimbra já ficou com tanto deles e por causa disso se fez cidade, se fez alma, se fez mulher. Coimbra sabe ser Mãe, mas também irmã, tia-avó e madrasta. Coimbra, cidade com alma que se pode sentir, dá o dobro que recebe.
A todos os estudantes que passaram por Coimbra, ou que por Coimbra passam neste momento, um grande e sentido FRA (éférreá, que é como se diz) com uma nostalgia que dói, porque para mim Coimbra foi e ainda é... Mãe.

18 comentários:

  1. Olá!
    Um grande FRA para ti!!
    Tenho tantas saudades de Coimbra e daquela vida de estudante!!
    Beijinhos

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  2. Eu sou Porto.... de nascença de vida e academia.
    Vou este ano assistir a minha primeira serenata de Coimbra, agora que já não sou estudante mas que poderei voltar a ser.
    Este ano também voltei à Monumental do Porto, depois de 3 anos sem coragem...
    Ai a saudade.
    E tudo me fez lembrar a frase que um veterano me disse "Eu percebi o que é a praxe a x de x de x"... na altura não o percebi... precisei de muitos dias x para encontrar o meu.
    Mas agora ninguém mo tira! :)

    Beijinho,

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  3. Só consigo agradecer este post. :')

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  4. Coimbra não foi minha mae na licenciatura mas espero que seja agora no mestrado. A minha última serenata foi à umas semanas e não se explica. Passaram 4 anos à frente dos olhos, recorda-se tudo... Amei, amei :)

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  5. Eu sou Porto de academia e coração. Mas obrigada por mais um bilhete para uma viagem no tempo.

    Um abraço*

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  6. Fico tão feliz e orgulhosa cada vez que falam assim da cidade onde nasci, estudei e continuo a viver. Amo a minha cidade, como os filhos amam os pais, com todas as suas fraquezas e defeitos e enche-me a alma saber que tanta gente fica com ela gravada no coração para todo o sempre...
    Um abraço.

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  7. Às vezes tenho tantas saudades, tantas, tantas...

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  8. Ana:

    Obrigado! É de facto um marco. E poderoso!

    :)

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  9. Izzie:

    E estas recordações fazem-nos vibrar, não é?

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  10. Anna^:

    E eu agradecer o comentário :)

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  11. Maria Teresa:

    Touché! Sim, AMANTE também. E muito.
    Obrigado!

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  12. Sílvia:

    É aproveitar e gozar... :)

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  13. Cláudia:

    É como eu. Há que matá-las. Como se puder.

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  14. Tantas saudades do meu tempo de estudante... O Fado de Coimbra é especial, ainda hoje me faz arrepiar... mas é um arrepio bom!

    Bjokas

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  15. Como te entendo. Coimbra ficará para sempre nos corações de quem por lá passa.

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