terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Pausa nas notas sobre a viagem

Caríssimos:


Aqui me penitencio pelo meu longo silêncio, prometendo de joelhos e flagelando-me caso isso não aconteça, as últimas (muitas, contudo) "notas de uma viagem" para o dia de amanhã.


Esta pausa nas "notas" deve-se tão somente ao facto de ter andado extremamente meditabundo, sorumbático e introspectivo nos últimos dias pois tomei consciência da realidade nacional (e tremem-me as extremidades digitais só de pensar no que poderei dizer em quatro dúzias de palavras acerca do assunto), bem como pelo facto de (ainda não faz 10 minutos) ter chegado a casa depois de um diluviano passeio canino e à porta do prédio estarem 4 múmias, 2 freiras, 3 putas, 1 padre e O capuchinho vermelho a bloquearem-me a entrada. Ainda pensei que fosse do sistema nervoso ou dos novos suplementos que estou a tomar. Mas não. Parece que é o tal de Luso-Carnaval.
Até amanhã.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Notas de uma viagem VII

Épsilon:

"Miserere"




O Rio de Janeiro cada vez mais me faz entender o porquê de ser a "Cidade Maravilhosa". Mas (porque há sempre um mas) decidi desviar-me dos caminhos normais, turísticos e consensuais. Só se conhece verdadeiramente uma terra se a vivermos como os filhos dela. E a parte oculta, não necessariamente por estar escondida, mas simplesmente pelo incontornável facto dos olhos só nos mostrarem aquilo que queremos ver, deixa transparecer aquilo de que uma cidade é feita. E não perde beleza por isso, antes ganha vida e alma.



O tempo continua abafado, muito húmido e quente. Nas estradas, com as mais que certas lentidões dum trânsito de milhões, passam por entre as filas de carros estes homens. Magros. Escuros. Aproveitam o trânsito parado para vender bebidas frescas e os famosos biscoitos de polvilho (doces ou salgados) da Globo, ou como eles gritam: "Biscoito Grobo". Fico a imaginar, no conforto do ar condicionado da viatura, como deve ser estar ali fora. A respirar tubos de escape de milhares de carros, sob aquele calor, com aquela estúpida humidade, para a frente e para trás, horas e mais horas, para cima e para baixo. Para vender uma água fresca, para vender uns "Grobo". Isto é agonia.


Olho para cima, não para desviar o olhar e fazer de conta que não vejo, mas para olhar mesmo para outro sítio. E as ironias da Criação decidem juntar-se todas no mesmo momento e entupir-me o cérebro em múltiplas explosões de pensamentos, emoções, conjecturas e interrogações. Sobranceiros estão ali. Impávidos. Praticamente no meio da cidade. Esses necrófagos com olhar guloso e atento a tudo o que se passa cá em baixo. Abutres. Dois e mais dois. Uns quietos, outros mais agitados. Sinto que pouco mais sou que um pedaço de carne. E a miséria só pode ser isto.





Vou continuar a deambular. Sozinho pelo centro. Aquele centro que não é o turístico, aquele que não vem nos guias, aquele que é calcorreado por pés sujos. Com uma garrafa de água numa mão e uns biscoitos doces de polvilho "Grobo" na outra.







terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Notas de uma viagem VI

Delta:

Conforme prometido, só imagens.




























sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem V

Gama.

Vagueio pela cidade. Ando a procura d´Ele. O dia decidiu ser abafado, quente, com uma neblina sufocante. A mistura explosiva: Calor e humidade extremos. Mas parece um nevoeiro de dia frio de inverno. Ando à procura d´Ele. A minha pré-noção geográfica da cidade é um completo engano. Mal O encontre, vou ao encontro d´Ele e vou visitá-Lo. A seguir quero ir ao Pão de Açúcar. Hoje não me apetece escrever mais, pois acabei de O ver.














Pego no meu caderno aos Seus pés. É impossível não escrever. A Sua grandiosidade, as vistas que d´Ele se têm... Penso em como seria a utopia de estar ali sozinho. Impossível, pois centenas de formiguinhas turísticas querem tirar fotografias deitados, em pé, assim, assado, e quando se vão embora chegam mais umas centenas que só estão, não para viver o momento, mas para fugazmente fotografar o momento. Decido por mim, como sempre, ser pretenciosamente diferente. Perante olhares atónitos e estúpidos, escrevo nas minhas folhas enquanto respiro tudo o que me envolve, debruçado sobre o nada. Toco, cheiro, sinto, dou a volta, sempre a tocar, a sentir.. E eis que..... Ei-La. Na base d´Ele está, mas escondida porque a porta é na parte de trás, onde ninguém vai, uma capela de N. Sra “de” Aparecida. E lá está Ela, pequenina, no altar. Entro, sento-me e contemplo. Somos poucos. Há gente muito bem vestida que reza, há gente muito humilde que num pranto não controlado não pede nada, só agradece o facto de estar mais um dia com saúde e ter os Seus vivos. Emociono-me. Choro. Rezo.










O turbilhão de emoções que vivi não me permitem escrever mais. A minha máquina fotográfica que fale por mim. Talvez esta noite pinte mais palavras no papel pardo.

Amanhã serão as fotografias do Pão de Açúcar, também tiradas neste dia. Só imagens. Nada mais.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem IV

Beta:


Acordo com o amanhecer já noutro continente. Ali em baixo já é América.






Destino final: Rio de Janeiro - Brasil. A pergunta impõe-se. Será assim tão maravilhosa a cidade?





Saio do aeroporto. O calor, a humidade e os cheiros inundam-me. Quase me sinto zonzo, quase me desiquilibro. As pernas entorpecidas por quase dez horas de voo não ajudam. Mas tenho que reagir. Quero começar desde já a deixar que a simbiose comece. Sempre que viajo para um sítio que não conheço tenho que me misturar com as gentes, saber identificar os cheiros, saber de cor as cores. Ser um conhecido entre desconhecidos, que de ser desconhecido entre conhecidos estou eu farto.
O calor e a humidade são em demasia. Sensação térmica de 50 graus, dizem-me. Não duvido, não ponho em causa. Tento que os meus pulmões se ambientem, se adaptem, que consigam respirar com normalidade. Sinto que estou a desidratar. Olho bem à minha volta e preparo-me para o que aí virá sem saber do que se trata. Mas assim é que é bom, assim é que eu gosto, assim é que sou feliz.
O caminho do aeroporto até ao meu refúgio temporário é feito de silêncios. Olho, vejo, observo, tão só. E penso. Penso que a minha fiel máquina fotográfica, que mal lhe destapei a objectiva embaciou como se me dissesse que também ela transpira, irá começar a gostar do seu novo desafio.
Procuro o mote da minha viagem, procuro o fio condutor da minha estada, procuro a razão de ter ali chegado. E como se as minhas preces tivessem sido ouvidas, ali estava. Pintado numa viga de um viaduto, que consegui capturar em movimento. Encontrei. É este o sentido desta viagem. Estou pronto. Que comece.




quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem III


Cheguei a casa.



E agora começarei novo relato destes dias. Com direito a imagens. O que vai escrito foi o que escrevi em cada dia, no meu caderno de folhas pardas, daquelas com que se faziam os cartuchos que embrulhavam os rebuçados nas aldeias quando eu era muito mais jovem e passava férias numa dessas perdida por aí. Tirando uns apartes pessoais reproduzo aqui, para o bem ou para o mal, ipsis verbis, o que fui sentindo nestes dias.

Mas vou voltar atrás. Eis o Alfa, pois no princípio sempre foi o Verbo...

Vou. Está quase. São praticamente onze da noite. Num misto de cansaço e adrenalina deixo-me levar pelos sons inebriantes e típicos de um aeroporto, com a voz dos anúncios dos voos, o rolar de "trolleys" de bagagem de mão num chão que só ele sabe fazer aquele barulho, as correrias dos atrasados, os nervosos olhares de muitos para as duty free shops à procura daquela última lembrança para este ou aquele, crianças que choram, adultos que disfarçam lágrimas, "laptops" abertos e as suas teclas a serem freneticamente marteladas com um último e-mail, um último relatório, um último post, olhos que percorrem os monitores informativos.
Como sempre, sento-me suficientemente afastado da porta de embarque para contemplar todo este caos organizado. Não consigo. Nunca consegui estar na fila para o embarque. Parece que todos correm, querem ser líderes numa corrida onde não há prémio para os que chegam primeiro. Têm lugar marcado, como eu, mas parece que se esquecem disso, e esperam, desesperam, minutos que parecem eternidades.
Já está. Só falto eu. Levantei-me, fiz uma última chamada, desliguei os telemóveis e apresentei passaporte e talão de embarque.
Contemplei o pássaro que me levará, fiz-lhe as festinhas, carícias e pancadinhas na fuselagem que me dão conforto e segurança (faz parte das minhas manias) e entro.
Como é óbvio e evidente, e porque sou o último ou dos últimos a entrar, não tive espaço para a minha bagagem de mão. Quem estava perto do meu lugar olhou para mim com um ar de "tivesses vindo mais cedo que eu estive feito parvo quase 15 minutos de pé na fila para alguma coisa foi". Invariavelmente também chamei alguém da tripulação. Exibi a minha bagagem de mão, apontei para o sítio onde ela deveria caber, encolhi os ombros, suspirei fundo e entreguei ao comissário de bordo, que a levou, como quase sempre, para o lugar onde guardam a deles, e sei que ma trará no fim da viagem. Rosnam-me baixinho. Eu ouço e regozijo.
Faço agora a minha oração.
Parto.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem II

Pedindo antecipadamente desculpas pela falta de notícias e novidades, que se devem unicamente à dificuldade extrema de encontrar um pc disponível com acesso à internet, dei aqui um saltinho para dizer que estou a ter uns dias fabulosos, com um tempo fantástico, mesmo que já tenha apanhado com uma tempestade tropical, que é coisa para assustar e encantar simultaneamente.
Tenho a nítida impressão que mal regresse, os meus próximos post vão ser só de fotografias.

É que de facto uma imagem vale mais que mil palavras.

Até breve.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem I

Antes de qualquer outra coisa, um pedido de desculpas por nestes dias nem seguir nem poder comentar os brilhantes blogs de todos aqueles que eu sigo e que me seguem.
Por estas bandas a internet ainda é um pouco igual à nossa dos anos 90, mas vai funcionando.

Ando à procura de uma ¨lan house¨, que é como se diz por aqui, onde possa fazer o upload de algumas fotografias.

Depois de 10 horas de voo, eis que me encontro numa megalópolis. Incrível. No "centro¨ vivem cerca de 7 milhões de almas. Na área da cidade, 10 milhões. Estão 45 graus e uma humidade tal, que a sensação térmica é de 50 graus. Está quentinho, portanto....

Cores diferentes, cheiros diferentes, gente diferente.

Estas são as primeiras notas escritas muito à pressa.

Espero voltar com verdadeiras e interessantes novidades.

E com menos calor.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Até já

Estou precisar de um tempo de descanso. Viagem marcada, bilhete na mão.
Vou até outras paragens.
Se for possível, ponho algumas mensagens e fotos.
Sem promessas.

Até já.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Agora é que avisam? Agora já é tarde....


31 de Dezembro. Muito de manhã. A minha gentil gestora de conta telefonava-me para o tão certo como o bacalhau no Natal, reforço do meu PPR- PLANO POUPANÇA REFORMA. E lá dei a ordem para que assim fosse. Era o último dia.


Facto: O meu banco não é o Millenium BCP


Hoje. 4/01/2010. Noticiário da SIC das 20H00: “Armando Vara regressou hoje ao BCP depois de ter sido suspenso de funções a 3 de Novembro. Dois meses depois é chamado para consultor do conselho de administração para projectos na área do imobiliário. Na decisão terá pesado o facto de Vara continuar a receber 34 mil euros por mês como vice-presidente, mas não é claro se vai manter apenas o salário ou se vai acumular com o ordenado de consultor...”

Porque é que ninguém me avisou que o melhor investimento era o PPR do BCP???

Porque é que ninguém me avisou que havia O PPR- PLANO POUPANÇA ROBALO?

Isto é que é rendibilidade!!!!