E pronto! Já está! Foi desta! Não há nada a fazer! Tungas! Bingo!
Febre, dores musculares, blá, blá, blá, o mundo a parecer que ia acabar a qualquer momento.....
Será o tal do H1N1? Fui ver....
Nos dois primeiros dias, tratei a coisa como de costume. Muita água, antipiréticos, mezinhas de outros tempos, cocktails de vitaminas e medicamentos, e a coisa não passava....
Ó Raios!
Hummmm, lá marquei o 808 24 24 24 (É só a mim que este número faz lembrar aquelas “mi-liga-vai” hot lines dos anos 90?). Alguns minutos depois de estar a ouvir uma musiquinha tão fatela que quase que podia jurar que estava também a infectar o ouvido, eis que a Sr.ª Enfermeira X me começa a dar conversa. Tinha uma voz tão doce e sensual que quase estive para convidar a criatura para um café, mas como ela iria pensar que eu estava a delirar com febre e seguramente mandaria uma horda de enfermeiros e paramédicos senegaleses sodomitas para me silenciarem, achei por bem refrear os meus instintos e limitar-me a relatar objectivamente os meus sintomas.
Veredicto final: “Desloque-se na sua própria viatura ao Centro de Saúde tal, ponha uma máscara na cara e diga que vai mandado da linha Saúde 24.” O que eu interpretei como “Estás tramado, espeta-te contra um muro e não digas que vais daqui!”. Nem sequer tive tempo para lhe dizer que POR ACASO tenho viatura própria. E se não tivesse? E a Máscara? A única coisa com esse nome que tinha em casa era uma de “Máscara de argila verde” que a C. lá deixou da última vez que me fez uma visita. Serve? Meto aquela nhenha na cara e apareço tipo mutante marciano? Não criará alarme? Ninguém vai achar estranho um gajo chegar naqueles preparos?
Cheguei ao Cento de Saúde onde estavam cartazes na porta a dizer “Se está com sintomas de gripe, desinfecte as mãos nos dispensadores antes de entrar e ponha uma máscara”. Está bem, está! Se houvesse!
Depois de me ter enganado no edifíco, no andar, de me terem mandado para os arrumos, de me terem dito que afinal não era ali, lá cheguei ao sítio certo. Dezenas e dezenas de pessoas. Não deixa de ter piada a democraticidade que a coisa gerou, pois como os profissionais andavam todos de máscara e bata, só se vendo os olhos, não dava para reparar quem eram os auxiliares, os médicos ou enfermeiros. Eram todos iguais.
Interpelei a primeira que me apareceu e o diálogo surreal aconteceu. Apontando para a máscara que ela tinha nas trombas disse:
- “Boa tarde, eu acho que preciso de uma coisa dessas.
- Ai sim, porquê?
- Porque tenho a unha do dedo grande do pé encravada.
- Como?????????
- Ó minha senhora, isto não é o centro de atendimento da Gripe A?
- É.
- Então tente lá pensar um bocadinho.......
- há... Então toma."
Peguei na máscara com a mão que tinha livre, para assim ficar com as duas ocupadas e não me tentar a mandar-lhe um chapo nas fuças seguido de um “então toma tu também”.
E eis que a democracia acaba aqui, pois a máscara deles tem uns elásticos que são muito práticos para pendurar nas orelhas e as que dão ao povo têm umas tretas que aquilo só com 4 pessoas à volta é que vai ao sítio.
A sala estava cheia de gente a tossir e a espirrar, e eu ia pensando em relação à gripe A que se não a tivesse, era ali que a ia apanhar se lá ficasse mais uns minutos. Por sorte encontrei o médico no corredor, que depois de me perguntar o que se passava e o que estava a tomar me disse que estava muito bem assim e para voltar para casa que isto passava.
Saí dali o mais rapidamente que pude. Fui para casa. E passou.
Tanta treta, tanto plano de contingência, tanta precaução, tanto alarme e depois.... isto. Enfim....