Parte I – Na estrada.
Estou farto.
Estou farto de ser o único que pára nas passadeiras quando conduzo, e quando sou peão ninguém parar para me deixar passar. Ainda hoje berrei, a um centímetro de ser atropelado na passadeira, a uma fulana que levava duas crianças atrás. Que desejava do fundo do meu coração que quando fossem os filhos dela a atravessar uma passadeira nunca se cruzassem com uma besta ao volante como ela, pois se assim fosse, podia ter a certeza que no futuro ira receber uma triste chamada dum Hospital num final de tarde.
Estou farto de que cada vez que mudo de direcção ou de que cada vez que quero estacionar, fazer “pisca” para a direita ou para a esquerda. Parece-me incrível que os carros mais novos (sobretudo os de maior cilindrada e mais luxuosos) que vêm com “cruise control”, ar condicionado, estofos aquecidos, faróis de não sei o quê, tudo de série, pelos vistos terem as cabras das luzinhas cor-de-laranja como opcionais e ninguém as queira.
Estou farto de dar passagem a quem quer entrar, e quando sou eu a querer, bestas auto-mobilizadas façam de conta que não existo ou que pensem que têm mais importância ou mais pressa que eu para chegar onde quer que seja.
Estou farto de educada e correctamente me pôr na fila certa e (des)esperar até chegar a minha vez para entrar na via principal e repetidamente cheguem chicos e chicas espertos(as) que em alta velocidade pela esquerda conseguem entrar e ainda gargalham ou olham com desprezo.
Estou farto que, quando tenho oportunidade e digo alguma coisa em português normal a esses filhos de uma grande meretriz rodoviária, me respondam com obscenidades e gestos que nem a misantropos ficam bem.
Estou farto de sistematicamente ter o carro trancado, seja na garagem, seja no parqueamento e que à minha indignação por tal desrespeito, me respondam com um falo digital e ainda por cima quererem fazer-me crer que ter ali o carro meia-hora para ir ao cabeleireiro ou fazer “umas compritas” é legítimo e eu devia era ir chatear o Luís Vaz.
Estou farto de nas zonas de 50 com semáforo, ir realmente a 50 e filhos de rameiras com pedais fazerem disparar o vermelho e passarem mesmo assim, deixando-me parado a criar blasfémias mentais.
Estou farto que as mamãs e os papás tripliquem a já segunda fila de mau estacionamento para deixar ou ir buscar as suas crias ao infantário, colégio ou escola, que parece que se os deixassem, entravam de carro pela sala de aula adentro e querem lá saber se outros querem seguir pela mesma estrada e não podem passar.
Cada vez são mais. Cada vez é pior.
O meu avô dizia que “a bicicleta é o único meio de transporte em que a besta puxa sentada”. Tinha razão. E nem sabia o alcance que essas palavras podiam adquirir. A diferença é que agora as bestas já não têm que puxar.
Não consigo perceber porque têm estas alimárias carta de condução e automóvel e insistem em fazer do veículo um prolongamento das suas fraquezas, frustrações e imbecilidades profundas.
Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-Se e dar-me força, não responderei por mim.
Em tempo oportuno deste manifesto:
Parte II – No Estado
Parte III – Na Rua
Parte IV – No Prédio
Parte V – No Ensino
Eu conduzo um bocadinho mal....mas andodevagar e sou educada!
ResponderEliminarUm abraço*
Estou mortinha para chegar à Parte V
Também eu!!
ResponderEliminarSerá que temos de ser civilizados e esperar educadamente pela Parte V? "Oh chefe, dê lá um jeitinho"... Provocação!!!!! :p
*beijinho e bons ventos!
Olá!
ResponderEliminarEu ainda não tenho carta mas concordo plenamente! Há muita falta de civismo, se nem dizem obrigado quando alguém abre uma porta numa repartiçã pública quanto mais ao volante!
Beijinhos
Desabafar faz bem ao fígado...
ResponderEliminarE por mais que queiramos é impossível manter-se "zen" em tais situações...e o pior é que todos os dias há dezenas delas!
Gostei mesmo deste blog. Parabéns.
Você é um totó....
ResponderEliminarSempre tiveste esse defeito... Lembras-te (Isabel) quando te gozávamos porque estacionavas a 3 km só para não pisar a risca amarela ou só para não estacionares na paragem de autocarro?
E tens alguma coisa contra segundas filas às portas dos infantários?? Tens???
Quando fores buscar a tua afilhada e vires o desespero que é, depois falamos!!!!!
(beijos, ó manifestante.. qualquer dias ainda votas BE!!!)
Pois, tens razão, há realmente coisas incompreensíveis e sim, também há verdadeiras bestas na estrada...
ResponderEliminarbjo***
Hum! Como eu o compreendo... faço o IC19 muitas vezes...
ResponderEliminarJS:
ResponderEliminarA questão, lá está, não é tanto como se conduz, mas o que se faz quando se conduz. Não prometo conseguir antecipar a parte V, mas vamos lá ver.
Arisca:
ResponderEliminarVou tentar....
Ana Sofia Serrano:
ResponderEliminarNem mais! Mas também lá vou.... :)
Eva:
ResponderEliminarMuito obrigado e seja bem-vinda.
Joaníssima:
ResponderEliminarEu sei qual é o teu carro... E sei onde moras.... :)
Sílvia:
ResponderEliminarA questão é que há quem pense que é um "ás no volante", mas na realidade é um "asno volante". Enfim.... ;)
Maria Teresa:
ResponderEliminarAinda bem que me compreende. É tão frustrante, não é?
:)
Meu Querido!
ResponderEliminarApenas vou comentar a primeira destas historias!
Bem se vê que nunca provaste um carro!!!!
nem sabes o que é bom!
tu na passadeira e, de repente..... não saber o que aconteceu!!!
morreres e voltares a nascer! e voltares a nescer sem muitos dos teus sentidos, como por exemplo a visão. E pensares, tou cega!!??? deixa-me levantar!! que giro, também não andas!
esperar 48 horas pa saber se morres ou não!!
meu Deus que sensação!!!!!!
Passadas as horas de prevenção, estares 6 meses da tua vida a aprender a andar!!
É o máximo amigo!!!
e recordares do esforço que foi, seguramente, o dar os primeiros passos, o aprender a falar/comunicar, não subestimemos os bebés, pois é uma luta incrivel a da integração social.
Aprendes a repensar a tua vida, a valorares o que negligenciavas, a ignorar outras tantas coisas sem qualquer relevância, a aprenderes a amar cada momento!! a deixares-te de mariquices!
É duro passar por uma experiência do género, tudo porque uma pateta resolveu ultrapassar pela direita carros, com condutores responsáveis, que pararam naquela passadeira num dia 12 de janeiro, porque alguém estava À ESPERA PARA PASSAR.
Mas há uma coisa que a experiência ensinou!!!
A VIDA É MUITO BOA, esquece coisas menores.
Com muitos beijinhos!