terça-feira, 20 de outubro de 2009

O quentinho do frio

Já se anunciava. Estávamos todos à espera. Mais cedo ou mais tarde acabaria por acontecer.
Chegou o Outono.
E ainda agora na TSF disseram que vem aí chuva, muito vento e descida acentuada de temperatura para os próximos dias.
É Ele. Chegou a minha Estação. Sou filho do Outono.
Dizem que no dia em que nasci estava Sol. Com aquela luz de ouro de Outubro, com aquela matiz de Outono. Com o calor reconfortante do Sol, com a aragem fria de aviso de Inverno, com o fumo e o cheiro das castanhas assadas a pairar no ar, com vento e folhas a esvoaçar por todo o lado.
São os meus dias.
São os dias que me fazem sentir vivo.
São os dias em que me sinto feliz.
São os dias em que ando nas ruas e ver a luminosidade difusa do meu Sol, que quer aquecer-me a alma confidenciando-me “eu estou aqui e quero aquecer-te. Estou aqui só por ti e para ti”.
Passo horas a caminhar pelas ruas desta minha cidade tentando que não me escape um único cheiro, uma única cor, uma única sombra, um único som.
Corro como uma criança cada vez que vejo um monte de folhas, para as levantar e pontapear. Para que se levantem, para que se “escangalhem” e saiam dos seus montinhos humanamente formatados e voltem onde devem estar, ou seja, por todo o lado. Para que voem à minha volta. Não resisto a um monte de folhas de Outono. Mesmo que os bem mais jovens que eu, os da minha idade e os mais velhos que eu me olhem com olhares de reprovação. Quero lá saber!
É o meu Outono.
São as minhas folhas.
É a minha felicidade.
Sou eu!
E o fumo a sair dos potes de zinco ou barro dos assadores de castanhas? E o cheiro que nos inunda o Ser?
Chegar a casa, beber um chá bem quente de Jasmim, encher bem alto as paredes com as óperas de Puccini (preferência para o “Turandot”) acender algumas velas, acender um incenso, pegar num livro, ler e ouvir os sons do Outono lá fora....
Enroscar-me na minha manta de Mohair e esperar que o cão venha (que vem!) participar neste vórtice de sentimentos, cheiros e cores.
É o meu Outono. Esta aí. E já lhe abri as janelas e a varanda cá de casa, para que entre com todo o seu fulgor.
És meu e eu sou teu. Desde sempre. Para sempre.
Bem-vindo!
Tinha saudades tuas.

7 comentários:

  1. Olá!
    Também adoro o Outono, o cheiro a castanhas,é outro ar que se respira!
    Uma das minhas cadelas adora montes de folhas, parece uma doida quando as vê a voar;)
    E tenho que admitir que já tinha saudades de umas temperaturas mais amenas!
    Quanto à Mafalda está completamente perdoado, aliás, entendo perfeitamente, a Mafalda vicia desde o primeiro quadradinho!;)
    Beijinhos

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  2. confesso que estava cansada do calor... é bom este regresso dos dias mais frescos, a combinar com o nosso espírito!

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  3. Adoro o outono é verdade, mas esta chuva toda de repente não caiu muito bem =S

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  4. Minhas caras:

    As minhas sinceras desculpas. Depois do elogio que fiz ao Outono, da exaltação, entronização e louvor da sua chegada, o gajo manda-me hoje um tempo destes?
    Acho que não vou falar com o Outono nos próximos dias. Isto é um abuso! Apre!

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  5. Que bem que descreveu as sensações que o Outono nos provoca... é o querer o aconchego do lar.
    Pessoalmente prefiro o Verão mas por outros motivos...

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  6. Bem, eu gosto é de sol e da praia, mas depois de ler este texto sobre o Outono, acho que amanhã vou despertar com outra vontade!!!

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  7. Entendo tão bem! Talvez porque também sou filha de Outubro. Gosto do Verão, mas nada iguala os primeiros dias de Outono. Fez-me lembrar uma música fantástica, cantada pela Ella Fitzgerald e pelo Louis Armstrong, que só erra o nome da cidade - "Autumn in New York".

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