quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Manifesto anti esta merda toda


Parte II – No Estado
Estou farto.

Estou farto que o Estado só se lembre de mim para me fecundar o juízo e me sodomizar à bruta.
Estou farto de me sentir como se fosse o papel higiénico do Estado. Cada vez que o Estado está aflito e faz merda, pega em mim, e em tantos como eu, e serve-se. À grande. E não sei se é pior o Estado agarrar em mim como papel higiénico, ou ter a ténue e estranha sensação que se aproveita de mim quando estou de calças na mão.
Estou farto de trabalhar e que os meus impostos, taxas, multas, pagamentos disto e daquilo sirvam para limpar o rabo ao menino.
Estou farto de desde sempre pagar tudo o que quero e ver à minha volta gente que nada fez nem faz encher-se com o dinheiro cá do rapaz e receber subsídios disto e daquilo. Porra! Passei anos e anos a estudar. Trabalho. Nunca roubei, e o Estado trata-me como criminoso.
Estou farto de ver que se alguém quer abortar, o Estado paga, MAS PROPORCIONALMENTE PAGA MENOS SE ALGUÉM DECIDIR TRAZER UM FILHO AO MUNDO. Se alguém não quer estudar e preferir andar na má-vida, coitadinho, tem problemas de inserção e o Estado paga. Se alguém não quer trabalhar e diz que tem muitas dificuldades, coitadinho, o Estado paga. Não tem casa? O Estado dá. Se chove, o Estado paga. Se há seca, o Estado paga. Se a coisa dá para experimentar drogas, coitadinho, é doente e é preciso tratar. O Estado paga! Agora experimentem, como eu, a não ser adicto de drogas, estudar durante 19 anos (com um curso superior e duas pós-graduações incluídas) e trabalhar honestamente todos os dias que nem um cão. O que é que o Estado paga? Nada. EU é que tenho que pagar ao Estado quase 50% do meu rendimento em impostos para ver os outros a gozar à minhas custas e andar a fazer contas à vida para poder viver e ter as minhas coisas.
Estou farto de ver gente a ser maltratada nas repartições públicas. Filas intermináveis para ser atendido por pessoas mal-educadas, (faça-se a ressalva para os funcionários públicos que se esforçam heroicamente para produzir alguma coisa e serem de facto humanos, competentes e simpáticos sempre em contra-corrente) incompetentes e que nada resolvem, antes criam mais problemas e dificuldades. “Ha... pois... isso era a senha amarela...”, “Ha... pois.... agora não pode ser que o sistema não funciona....”, “Ha.... não é esse o formulário. Tem que ir comprar outro e voltar amanhã...”.
Estou farto de ver o Estado enquanto credor a perseguir ávido de sangue as suas presas, e quando é devedor assobiar uma musiquinha e parecer que não é nada com ele.
Estou farto de ver o Estado a ser corrompido e a corromper-se, de serem abertos todos os dias não sei quantos processos crime e outros tantos inquéritos e depois....muito depois... se continuar sem nada saber acerca disso e a culpa morrer solteira.
Estou farto. E começo a perceber aquela senhora que em tom de brincadeira (segundo ela) dizia que para pôr isto em ordem, era suspender a democracia durante meia-dúzia de meses, pôr as coisas em ordem e depois sim, abrir outra vez ao público.
Estou farto de ver as forças policiais não poderem fazer o seu trabalho por falta de meios, e quando o conseguem fazer já é brutalidade policial e coitadinho que ele só roubava porque não sabia fazer outra coisa e tem que ser perdoado.
Estou farto de ver imensas pessoas a querer adoptar crianças e saber que existem imensas crianças para serem adoptadas e o Estado a dificultar as coisas por anos e anos.
Estou farto de ver gente a morrer em casa à espera de uma consulta médica ou ser remetido para uma maca num corredor de um hospital, quando o mínimo que o Estado tinha que fazer era tratar quem o sustenta com a dignidade humana que todos merecem.
Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-se e dar-me força, não responderei por mim.

18 comentários:

  1. E eu começo a ficar farta do pessoal amorfo. Queixam-me mas nao dão voz a essa raiva.

    Amei!

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  2. Há sempre o recurso à revolução. Tenho pensado muito nisso ultimamente.

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  3. hehehee

    olha que eu também estou !!! não tarda nada vou-me embora daqui desta merda!

    a sério ..

    bj
    teresa

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  4. Eu já me vim embora à muito tempo... e não me arrependo, bem pelo contrário!

    Quanto à Revolução, duvido que se conseguisse repetir a façanha.

    Como se dizia no tempo da outra senhora, o povo é sereno. Fala, fala e torna a falar mas depois acaba por se acomodar.

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  5. Pois olha que "esta merda toda" já serviu um grande propósito, dar-te inspiração para a escrita. Mal posso esperar pela parte III
    Num país certinho a escrita seria um grande tédio. Há que olhar sempre ao lado menos negro da coisa ;)

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  6. Não posso deixar de pensar em quão miserável há-de ser a tua existencia para teres experienciado todas estas misérias. Fizeste uma ressalva importante que muito me apraz. Obrigadinha.
    Quanto ao resto, um dia destes, tu pegas no cão e eu pego no Brad e na canita 8e no felino) e zarpamos para a Finlandia. Que tal, hun??

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  7. Estou ao seu lado neste protesto.
    "Desenvolve" muito bem o que a maioria dos portugueses pensam só que talvez não saibam (saibamos) agir...

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  8. Amigo, cmarada, companheiro!!!!!!
    já te conheço ha uns bons anos, temos ou tinhamos ambos convicções firmes, não imaginava o "Estado" em que te puseram!!!!!
    Ai ó valha-me Deus, então agora deste em comunista?
    tu parte esta merda toda, isso é que não, caraças!!!
    tem calma! o teu dinehiro tá bem encaminhado, TGV's, auto-estradas com fartura, tu é que andas perdido, tens que encontrar o filão!
    bjs

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  9. S*:

    Temos que ser nós a começar... Digo eu...

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  10. Continuando assim:

    Eu confesso que também estive mais longe...
    Bem-vinda!

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  11. Armilar:

    É verdade, mas penso que está na altura de reagir. Bem-vindo!

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  12. Ana C:

    Ao menos que sirva para alguma coisa, de facto...

    :)

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  13. Joaníssima:

    Desde que não seja no Inverno...

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  14. Maria Teresa:

    Não acha que está na altura de se começar a fazer alguma coisa?

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  15. Maggy:

    Não dei em comunista. Dei em estar farto e em desabafar. E a querer começar a fazer. :)

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