Nota prévia: A este vosso servo, nos 10 a 15 primeiros anos de existência foi-lhe, por cultura doméstica, imposto o catolicismo. Dos 15 até ao dia de hoje é Católico de igual intensidade e convicção, mas por escolha voluntária e reflectida, depois de muita turbulência existencial. Este post dar-me-ia para escrever sem fim. Vou tentar ser o mais sucinto possível. Mesmo assim, e desde já, as minhas desculpas se ele se tornar demasiado longo ou maçador. Há coisas que têm que ser ditas. E com seriedade.
Pelos vistos não haverá volta a dar-lhe, e o casamento gay será uma realidade a breve trecho.
Provavelmente, dividirei o post em várias partes, ainda não sei. Logo se vê.
Cumpre-me, antes de qualquer outra coisa, e sem desprimor para a temática, dizer bem alto que ninguém me tira da cabeça que, quer o casamento gay, quer outos "temas fracturantes" são jogadas políticas de um (des)governo que a todo o custo quer desviar as atenções do verdadeiro estado em que o país se encontra, e consequentemente, fazer com que todos andemos a falar de tudo menos do que tem implicações para o hoje e sobretudo para o amanhã da nossa existência. Não devo andar muito longe da realidade quando afirmo que a seguir ao casamento gay virá novamente a regionalização, a adopção por casais gay, e, se tiver mesmo que ser para continuarmos embriagados neste vórtice de tempestade de areia para os nossos olhos, a eutanásia.
Mas vamos a isto.
Quanto à homossexualidade ( seja ela masculina ou feminina) nada tenho a dizer. Cada um é livre de amar. E se alguém ama de maneira diferente, que tenho eu a ver com isso? É um lugar-comum, eu sei, dizer que tenho amigos gay. Eles e elas. Mas é a realidade, e à medida que o tempo passa vou sabendo que são uns quantos. E embrenho-me em conversas das mais estimulantes e produtivas que alguma vez tive.
Fiquei a saber que ser gay não é uma escolha. Não é uma mania, muito menos uma moda (mas às vezes parece, não é?). É SER. E quanto a isso nada a fazer. Alguns, se pudessem, mudariam, porque são incompreendidos, porque antes de se assumirem (mesmo perante eles mesmos) sofrem e fazem sofrer. Porque durante anos foram infelizes porque puseram em primeiro lugar não a sua felicidade, mas a da família e a dos que os rodeiam, que nunca perceberiam, aceitariam ou lidariam bem com o assunto. Para não fazer sofrer, decidiram ser eles mesmos mártires da sua condição.
Ou seja, respeito, e muito, todos os homossexuais. Coisa diferente são as bichonas que ostentam com jactância a sua personalidade de paloma, deixando cair plumas e lantejoulas enquanto se vão maneando pela rua. Isso é folclore. E do mau. Isso é para chocar. E para ajudar mais a quem critica. Eu critico, e dá-me asco....
Casamento?
Não. Casamento não. Só está em causa o nome. Que se consagre um regime análogo ao do casamento. Que lhe dêem outro nome, mas não o de casamento, que isso para mim é entre um Homem e uma Mulher. Para mim, basta dar outro nome. Sou acérrimo defensor que as uniões homossexuais devem ser reconhecidas pelo Estado. Por que raio um casal gay, que passa toda uma vida junta, quando um deles parte, o outro, para todos e os legais efeitos não passa do(a) companheiro(a) com quem se partilhou a casa - tipo estudante - mas durante mais anos? E se no fim, a família do que parte (que sempre rejeitou, hostilizou e criticou a relação, quem sabe nunca mais falaram...), visto que nada até hoje pode ser oficial, decide, legalmente, ficar com tudo? O(a) outro(a) fica sem nada. Mesmo. Fica sem a pessoa que amou durante toda uma vida e tiram-lhe tudo o que juntos construíram. Está errado. Há que mudar.
Para mim é só arranjar uma outra nomenclatura e estamos falados (sei que provavelmente este meu pensar é fruto do catolicismo, mas sou eu.....)
Adopção?
Isto já está a ficar muito longo. Decidi cortar o texto em dois. Amanhã vem a segunda parte. Já está feita. Será um "copy/paste".
Faltam 4 dias para o Natal....