quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pronto, menti.....

Faltava uma coisa:

O que é que eu quero para 2010? (Para além dos meus desejos mais íntimos).

Quero um país onde quando cai uma chuvita a mais, não haja logo inundações, derrocadas e milhões de prejuízos;

Quero um país onde quando o vento sopra um bocadinho com mais força, não caiam logo os postes de electricidade e fiquem uns milhares às escuras;

Quero um país onde quando o sol aquece um pouco mais, não fique logo em seca e morram pessoas por causa do calor;

Quero um país onde quando neva muito na Serra da Estrela (e fica-se 8 meses de 12 à espera que isso aconteça) e que tem infra-estruturas para a neve ser economicamente explorada e desenvolver toda uma região, não cortem as estradas de acesso por causa da neve.

No fundo no fundo o que é que eu quero?

Aliás o que é que eu NÃO quero?

Não quero um país que embora ostente a marca "CE", diga por baixo “Made in China”.

Agora sim.

Até para o ano.

Último post de 2009

Neste ano de 2009 nasceu esta minha chafarica, o "há-des ver".
Desde Agosto até agora entrei num "admirável mundo novo".
A todos os que aqui vão passando, o meu obrigado e os meus sinceros votos de que o 2010 que aí vem seja um ano fabuloso e fantástico a nível existencial e profissional.

Não é meu costume meter aqui muitos videos do youtube ou ir buscar coisas de outros, mas hoje tem que ser, pois há que dar lugar a quem sabe melhor que eu pôr em palavras o que passa pela cabeça.

Deixo-vos um poema do brasileiro Sérgio Antunes, que admiro.

Até para o ano.


"No ano que vem vou fazer um check-up, reformar os meus ternos, vou trocar os meus móveis, viajar no inverno, como convém.

No ano que vem vou me fantasiar, desfilar na avenida, decorar samba enredo, vou mudar minha vida, como convém.

No ano que vem faço vestibular, vou tocar clarineta, aprender dançar valsa, fox-trot ou salsa, como convém.

E vou me converter no ano que vem, registrar a escritura, vou pagar a promessa e andar mais depressa. Como convém.

No ano que vem vou tratar meus dentes, visitar uns parentes, vou limpar o porão, vou casar na igreja, como convém.

No ano que vem vou soltar busca-pé, empinar papagaio, vou comer manga-espada e sentar na calçada, até.

No ano que vem vou pagar minhas dívidas, apagar minhas dúvidas e trocar o meu carro e largar o cigarro. Como convém.

No ano que vem vou fazer um regime, e vou mudar de time, viajar para a França e estudar esperanto. Como convém.

Vou plantar uma rosa no ano que vem e escrever um romance e fazer exercício, desde o início, como convém.

E entrar para a política e me candidatar, no ano que vem, fazer revolução, lutar na Nicaragua, por que não?

E fazer uma plástica, no ano que vem e ficar destemido, decorar um poema e escrever pra você, como convém.

Se não der certo, no entanto, neste ano que vem, vou deixar de cobrança do que fiz ou não fiz. Neste ano que vem quero, como convém, ser, apenas, feliz.”

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Notas soltas do pós-Natal III

Agora que o fígado começa a regenerar-se um pouco (depois dos abusos próprios da época) e talvez por causa disso mesmo, tomei consciência que por mais que uma vez, o tema de conversa dos 5 comensais primos (todos nós com idades compreendidas entre 30 e 38 anos e desde sempre juntos nas alarvidades gastronómicas de Natal), foi: valores de colesterol, glicémia, triglicerídeos, análises clínicas em geral, dores daqui e dali, maleitas disto e daquilo. Antigamente era farra pura e dura.
Ó Raios.....
P.S.: Se há coisa que eu gosto mesmo é de "fazer o bem sem olhar a quem". Provavelmente por estar ainda inebriado pela quadra natalícia fiz, sem saber, a felicidade imediata de duas pessoas. A quem me gamou o primeiro guarda-chuva logo às 9h30 e a quem encontrou e segundo e não devolveu, continuação de boas festas e um ano de 2010 cheínho de sol.
E ainda não são 4 da tarde. Chiça!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Notas Soltas do pós-Natal II

Que eu fujo de centros comerciais a sete pés, é um facto.
Que nas vésperas de Natal aqueles antros parecem o inferno, é uma realidade.
Que três dias depois do Natal começam as promoções e saldos em que toda a gente fica com cara de perú a fazer contas ao dinheiro a mais que gastou por uma questão de pouco mais de 96 horas, é uma vergonha.
Que razão no meio disto tudo têm os espanhóis que só trocam presentes no dia de reis (e com toda a lógica, diga-se desde já, pois que a história de oferecer presentes começou com os 3 reais marmanjos a levar ouro, incenso e mirra ao puto giraço de Belém) é um facto real que nos devia envergonhar.

Era só começar a instituir esse hábito nas famílias e:

- O Natal era veradeiramente festa de família e viver-se-ia o espírito da época muito mais intensamente,
- Poupavam-se uns cobres valentes;
- Andávamos agora calmamente a tratar das coisas, com uma percentagem apetecível de desconto.

E isto que acabei de dizer parece-me tão certo, que tenho a certeza que não serve para coisa nenhuma.

Notas soltas do pós-Natal

Ainda estou meio atordoado. Vou beber uma água com gás e já volto.

PKP o Gordo. Nem as meias...

Mudança de cores

Gostava mesmo como estava antes. Mesmo. Mesmo. Mesmo.

Mas sou incapaz de não atender um desejo de uma grávida.

Enfim...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Aeroporto de Lisboa, 23 de Dezembro de 2009

GENIAL!!!

CONTINUAÇÃO DE BOAS FESTAS....


Feliz Natal


Um Santo Natal para todos os que aqui vão passando.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Carta ao Pai Natal

Meu caro ancião obeso, vestido à parolo, míope e vendedor de ilusões:
Eis que te escrevo para me redimir das pragas que te roguei no dia 25 de Dezembro do ano passado quando te prometi que este ano te faria tal espera numa esquina, que te deixaria sem conserto, depois da grande desilusão que foi a tua triste visita. Se bem te recordas foste um verdadeiro cabrãozeco para mim, mas isso já são águas passadas.
Este ano vai ser diferente.
Nunca percebi porque és tão balofo e os teu colaboradores são do mais enfezado que há, o que me faz crer que afinal de contas tu não moras na Lapónia, ou lá onde dizem, mas sim lá para os lados de Guimarães numa moradia tipo "maison", com janelas tipo "fenêtre", revestida por fora com os azulejos que sobraram da "toillete", comprados ao quilo numa feira outlet de construção civil.
Há-de ser seguramente na garagem do teu domicílio que escondes uma fábrica de têxteis, onde desenvolves a tua actividade de explorador de trabalho infantil, obrigando putos que deviam estar na escola a trabalhar que nem bestas e ainda dizes que são duendes.
Só assim se percebem os presentes que a cada ano me vão calhando, a saber: pijamas, meias, cuecas e camisolas.
Também tinha outra teoria, que te assentaria que nem uma luva, se o que me coubesse fosse bom e de valor (efectivamente aquilo que te tenho pedido ano após ano) que é a de seres da Inspecção Geral de Finanças e depois da alegria, lá vinhas tu sem fatiota fazer a tributação das mais-valias ou avaliar a ostentação de riqueza.
Assim, e visto que NUNCA me trouxeste aquilo que te pedi, este ano a minha lista é simples e é esta:
QUERO:
- Um pijama novo ("quentinho que os que tens não são para estas temperaturas")
- Um par de meias ("nunca são de mais e estas são das boas")
- Dois ou três pares de cuecas ("que estas não têm costuras e não aleijam")
- Uma camisola ("que fica muito bem com aquela camisa tal e tal").
E AGORA, VELHO RANHOSO? QUE VAIS FAZER? NÃO TENS OUTRO REMÉDIO QUE NÃO SEJA TRAZERES EXACTAMENTE O QUE TE PEDI, SATISFAZENDO OS MEUS DESEJOS.
HAHAHAHHAHAAHHA
LIXEI-TE!
P.S. - Vou deixar um fardo de palha nas traseiras para ti e umas cervejolas para as tuas renas, ó gordo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Os afins do casamento Gay (ou a segunda parte)


Adopção?
Quanto a esta questão, confesso que ainda não tenho opinião final formada. Deixo-vos aqui um pouco do que me passa pela cabeça quanto a isto, pedindo que me ajudem com os vossos comentários.
É muita coisa em jogo. Já não é só a questão do casal, da vida a dois regulamentada. Há uma terceira pessoa – uma criança – metida ao barulho.

São muito elementos a considerar.

Tendencialmente pendo para o "não".

Penso que para o normal e salutar crescimento de uma criança é necessário o referente maternal e o paternal. É preciso um Pai e uma Mãe.
Mas logo me lembro dos filhos de mães solteiras, de pais divorciados, ou órfãos de um dos progenitores, e esse meu argumento parece esfumar-se, não obstante uma coisa ser a falta de um (ou ter um longe ou um substituto), e outra é ter dois mas do mesmo sexo a tentar colmatar algo que pura e simplesmente fisiologicamente não podem saber o que é.

Para mim o argumento de que uma criança não se desenvolveria em harmonia e com “normalidade” por ter “dois pais” ou “duas mães”, na medida em que haveria grande possibilidade de “sair” também homossexual, não vinga. A verdade é que os homossexuais são, na sua grande maioria, frutos de relações heterossexuais, sem episódios “desviantes” durante o período de formação da sua personalidade. Ou em última análise, defendendo aquela teoria, ou não haveria homossexuais ou pelo menos um dos progenitores era um homossexual (masculino ou feminino) escondido.

Pergunto-me também (e por força de uma conversa que um dia tive com um grande amigo meu que só quase depois de uma década de convivência, me confessou a sua orientação sexual, num momento que nunca esquecerei e onde as lágrimas formaram nesse momento o rio de palavras que passou debaixo da ponte das nossas vidas) se é melhor não permitir a adopção por gays ou deixar crianças confinadas em orfanatos e outras instituições até aos 16 anos.
Será melhor deixá-los assim ou permitir-lhes saber o que é um lar, um quarto de dormir só para eles, um amor incondicional, pessoal e humano, e não institucional, só para eles?
Dizia-me este meu amigo, além do que é óbvio – só se permite adoptar a quem tem condições para isso – que os casais homossexuais (e desta feita só os masculinos) como estão pela natureza impedidos e impossibilitados de procriar, tornariam a criança adoptada no objecto mais profundo do seu amor. Nunca tinha pensado nisso, e tem alguma razão de ser, mas mesmo assim há algo que me faz confusão.

E a propósito de confusão, cada vez mais tomo consciência que esta questão da adopção por homossexuais é tão só e apenas uma questão de tempo. Mais tarde ou mais cedo ela acabará por ser uma realidade. Resta saber se é para já ou se deixamos o tempo amolecer aquilo que pensamos serem as nossas inabaláveis convicções.

É natural que a uma grande maioria, na qual me incluo, faça muita impressão, mas ao mesmo tempo basta lembrar a realidade de há 20 ou 30 anos nas escolas primárias e preparatórias de então. E a isto eu assisti.
Ah! Uh! Escândalo! Os pais são divorciados! Ha! Uh! A mãe é solteira!!!
E a verdade é que hoje isso é normal e ninguém no seu perfeito juizo ousa criticar pais ou criança, ou sequer tecer comentários, dada a naturalidade da coisa.

E a realidade, por muito que custe aceitar (ou não), é que os homossexuais já adoptam ou até já vivem com os seus filhos biológicos. Quantos casos não há de casais que ou por fachada, ou porque descobriram a sua verdadeira sexualidade mais tarde, não casaram, tiveram filhos e depois se divociaram para ir viver com uma pessoa do mesmo sexo e os filhos vivem com um ou com outro, perfeitamente cientes do que se passa?

Está certo que não consigo meter na cabeça uma futura conversa de putos na escola em que um diz “a pilinha da minha mãe é maior do que a do teu pai”, mas....

Acho é que ainda não estou preparado para isso.

Não sei. Há muita coisa em jogo.

A vós a palavra.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O casamento Gay e afins

Nota prévia: A este vosso servo, nos 10 a 15 primeiros anos de existência foi-lhe, por cultura doméstica, imposto o catolicismo. Dos 15 até ao dia de hoje é Católico de igual intensidade e convicção, mas por escolha voluntária e reflectida, depois de muita turbulência existencial. Este post dar-me-ia para escrever sem fim. Vou tentar ser o mais sucinto possível. Mesmo assim, e desde já, as minhas desculpas se ele se tornar demasiado longo ou maçador. Há coisas que têm que ser ditas. E com seriedade.


Pelos vistos não haverá volta a dar-lhe, e o casamento gay será uma realidade a breve trecho.


Provavelmente, dividirei o post em várias partes, ainda não sei. Logo se vê.


Cumpre-me, antes de qualquer outra coisa, e sem desprimor para a temática, dizer bem alto que ninguém me tira da cabeça que, quer o casamento gay, quer outos "temas fracturantes" são jogadas políticas de um (des)governo que a todo o custo quer desviar as atenções do verdadeiro estado em que o país se encontra, e consequentemente, fazer com que todos andemos a falar de tudo menos do que tem implicações para o hoje e sobretudo para o amanhã da nossa existência. Não devo andar muito longe da realidade quando afirmo que a seguir ao casamento gay virá novamente a regionalização, a adopção por casais gay, e, se tiver mesmo que ser para continuarmos embriagados neste vórtice de tempestade de areia para os nossos olhos, a eutanásia.



Mas vamos a isto.



Quanto à homossexualidade ( seja ela masculina ou feminina) nada tenho a dizer. Cada um é livre de amar. E se alguém ama de maneira diferente, que tenho eu a ver com isso? É um lugar-comum, eu sei, dizer que tenho amigos gay. Eles e elas. Mas é a realidade, e à medida que o tempo passa vou sabendo que são uns quantos. E embrenho-me em conversas das mais estimulantes e produtivas que alguma vez tive.



Fiquei a saber que ser gay não é uma escolha. Não é uma mania, muito menos uma moda (mas às vezes parece, não é?). É SER. E quanto a isso nada a fazer. Alguns, se pudessem, mudariam, porque são incompreendidos, porque antes de se assumirem (mesmo perante eles mesmos) sofrem e fazem sofrer. Porque durante anos foram infelizes porque puseram em primeiro lugar não a sua felicidade, mas a da família e a dos que os rodeiam, que nunca perceberiam, aceitariam ou lidariam bem com o assunto. Para não fazer sofrer, decidiram ser eles mesmos mártires da sua condição.

Ou seja, respeito, e muito, todos os homossexuais. Coisa diferente são as bichonas que ostentam com jactância a sua personalidade de paloma, deixando cair plumas e lantejoulas enquanto se vão maneando pela rua. Isso é folclore. E do mau. Isso é para chocar. E para ajudar mais a quem critica. Eu critico, e dá-me asco....


Casamento?

Não. Casamento não. Só está em causa o nome. Que se consagre um regime análogo ao do casamento. Que lhe dêem outro nome, mas não o de casamento, que isso para mim é entre um Homem e uma Mulher. Para mim, basta dar outro nome. Sou acérrimo defensor que as uniões homossexuais devem ser reconhecidas pelo Estado. Por que raio um casal gay, que passa toda uma vida junta, quando um deles parte, o outro, para todos e os legais efeitos não passa do(a) companheiro(a) com quem se partilhou a casa - tipo estudante - mas durante mais anos? E se no fim, a família do que parte (que sempre rejeitou, hostilizou e criticou a relação, quem sabe nunca mais falaram...), visto que nada até hoje pode ser oficial, decide, legalmente, ficar com tudo? O(a) outro(a) fica sem nada. Mesmo. Fica sem a pessoa que amou durante toda uma vida e tiram-lhe tudo o que juntos construíram. Está errado. Há que mudar.

Para mim é só arranjar uma outra nomenclatura e estamos falados (sei que provavelmente este meu pensar é fruto do catolicismo, mas sou eu.....)

Adopção?

Isto já está a ficar muito longo. Decidi cortar o texto em dois. Amanhã vem a segunda parte. Já está feita. Será um "copy/paste".

Faltam 4 dias para o Natal....

sábado, 19 de dezembro de 2009

Estava indeciso

Queria, e quero, escrever sobre o casamento gay e a eventual consequente possibilidade de adopção. Mas como é fim-de-semana e o assunto não é tão leviano assim, deixo esse post para Domingo ou Segunda-feira.

Entretanto e para o fim-de-semana, esta coisa....

Fez-me sorrir, serenar, e entrar assim em paz no fds.

BOM FIM-DE-SEMANA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pedido público de desculpas

Já fui pedir desculpas aos vizinhos de cima.

Afinal não tinha que ter subido as escadas a correr que nem um louco, tocado à campainha sem parar, batido na porta como se não houvesse amanhã e ter dito que nem os coelhos o fazem daquela forma àquelas horas da madrugada.

Hoje soube pela rádio que houve um sismo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Resposta a repto V

Este desafio foi-me proposto pela Malena e é com todo o gosto, não obstante tardiamente, que lhe dou resposta.

Ora então é assim:

Cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.
Mania 1) Sou superticioso ao ponto de não me sentar numa mesa onde estejam 12 pessoas, nunca passo o Sal a ninguém, não brindar nem com água nem com copos de plástico. Quanto aos gatos pretos, normalmente quando passa um à minha frente só consigo pensar no azar que o pobre bichano teve ao escolher-me a mim.
Mania 2) Não me consigo sentar em sítios públicos (cafés, restaurantes, etc. ) de costas para a porta. Tenho SEMPRE que estar sentado de frente.
Mania 3) Não consigo sair de casa sem tomar um duche primeiro. Recordo-me (no tempo em que os animais falavam e eu ainda vivia com os meus pais) que um dia a minha mui santa progenitora caíu de manhã em casa e partiu o braço. Pois enquanto gritava de dores e tinha o braço para um lado e o corpo para outro, o seu ingrato e lazarento filho foi primeiro tomar duche E SÓ DEPOIS é que a levou às urgências.
Mania 4) Nunca entro num avião sem primeiro lhe fazer uma "festinha" e dar uma pancadinha na fuselagem.
Mania 5) Tenho a mania que sou mesmo bom (embora não tenha descoberto ainda em quê).
Ora chegada a hora de passar o desafio, fica a mania 6, que é como quem diz, também tenho a mania que sou diferente, e cada um que pegue no desafio, querendo, sem eu ter que o desafiar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A dona são

(pausa para respirar bem fundo e acalmar um pouco)

Está aqui o vosso humilde servo nas lidas caseiras, que isto de viver só, triste e abandonado (com o cão, entenda-se) e não ter empregada de limpeza é karma acumulado de várias centenas de vidas anteriores passadas em puro hedonismo e luxúria ( e chegou a hora de pagar tudo junto), quando é alertado por um vizinho que a dona são (quem???????) está na entrada do prédio a pedir satisfações e a acusar um gajo (eu) de ter deixado 4 lanços de escadas e 2 patamares em estado nunca visto de sujidade.

Fui ver... (e para meu espanto não era o ovário - piada dos anos oitenta que não sei por que raio veio aqui parar - mas sim a tal de "dona são")

A dona são (que suponho, no caso concreto, seja o diminutivo de "Maria da Estupidificação"), senhora que pela primeira vez vi, e constatei que já deve seguramente ter triplicado o duplo queixo, sofrido de papada mental, que tem camadas de tintas LIDL para cabelo de cores distintas, em "degrade", trata toda a gente por "Ó filho" e "Ó filha", que trabalha "nestas escadas há mais de 20 anos" e lava as escadas fazendo um yogui parecer aspirante de acrobata por limpar as escadas num perfeito ângulo de 90 graus pelo simples facto de já nem conseguir dobrar os joelhos, acusava-me de ter espalhado "esterco e toneladas de pêlo de cão pelas escadas abaixo" acrescentando um colorido à conversa num linguajar a que não estou habituado e para o qual nem tenho conhecimentos para responder em iguais termos.

Depois de lhe ter provado que não podia ter sido eu, que nunca poderia ter sido eu e que me estava a difamar, apoiado pelos vizinhos que iam entrando e saindo do prédio (se eu tivesse cobrado bilhetes para esta "performance" estaria agora a relatar-vos isto debaixo de uma palmeira num ilha paradisíaca rodeado de belas nativas lascivas em trajes reduzidos) e constatando nitidamente que só estava a perder tempo, sai-me:

"Está visto que a sua eloquência, quiçá inerente ao seu mister, e que não logro discenir, redunda notoriamente na nefelibata que não ouso avocar à realidade pungente".

Ficou ali, a dona são, derrotada, encostada à parede, com cara de esfregona ressequida, a coçar com uma mão a cor n.º 76 e com outra as partes baixas.
Há dias assim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mais uma e peço para me internarem

PELO AMOR DE DEUS!

Alguém sabe como tirar da cabeça a estúpida música de natal do Pingo Doce?

Não aguento mais. Acordo a cantar a musiquinha, no duche cantarolo aquela parolada, ando todo o dia a trautear aquilo, no trânsito já nem insulto ninguém a pensar na letra...

la la la la

Deito-me com os acordes a baterem-me nas pálpebras...

SOCORRO!

O cão já foje quando abro a boca.

Estou a enlouquecer.

Como é que se pára esta merda?


lá lá lá... tudo é mais fresquinho.... lá lá lá.... de Janeiro a Janeiro.... lá lá lá....


P.S: Por via das dúvidas dei o leitor de MP3 ao cão para ele ir esconder onde quisesse, não fosse eu meter a p* da musiquinha lá. Seria o fim do mundo em cuecas.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O mimo



E eis que me deparo com este "miminho" da arisca aqui para o meu pasquim. Acho que foi o "click" que precisava (que é como quem diz o meu ego estava para aí numa poça qualquer).


Disse returns...

Obrigado!!!!

Há dias assim

Não me apetece escrever. São horas e horas, dias e dias em frente ao triste monitor. O cursor pisca, incansável, mas não sai do mesmo sítio, mas não me sai nada.
Não é por não haver texto, não é por não haver pretexto, não é por não haver tanto assunto que queria pôr aqui...
Não me apetece escrever.
Sigo e vou seguindo, leio e vou lendo, os blogs que admiro, mas não comento. Não me apetece escrever.
Já são alguns dias assim.
Não me apetece escrever.
Pode ser que passe.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A crise

Um tipo percebe que isto foi mesmo ao fundo quando na loja do costume a besta da empregada do costume que costumava estar, como de costume, empalada (sim, empalada e não empalhada, que é coisa diversa) atrás do balcão do costume e não cumprimentava ninguém, sempre com as trombas do costume, com cara de sou-boa-demais-para-aqui-estar-e-o-meu-sonho-é-ser-miss-Portugal, quanto muito só dizia um “faxavor” que nem se ouvia, vem ter connosco, sorriso nos lábios e solta um “Esteja à vontade e se precisar se ajuda é só dizer!”


Bem vistas as coisas a crise até trouxe coisas boas....

O selo e resposta a repto IV




A sempre amável "Invisível" do http://atedurar.blogspot.com/ ofereceu-me o primeiro selo deste blog, com um repto agregado.

Nota prévia: Confesso que não sabia o que eram "fufuquices" e tive que ir ver. Ora "fufuquices" são "coisas fofas, gostosas, coisas que a gente quer guardar pra sempre, coisas que a gente quer compartilhar", dito pela autora da expressão:

Ora vamos cá a isto:

As regras são:

1) Exibir o selo no blog (done)

2)Postar o link (de quem oferece, deduzo eu): http://atedurar.blogspot.com/ (done)

3)Dizer quais as "fufuquices" da minha vida;

- Sei lá. Há uma coisa que poderia ser meia "fufuquice", na medida em que é uma coisa que quero guardar para sempre, mas confesso que não gosto de compartilhar, que são os meus amigos. Sou cioso e egoísta demais para democratizar a minha amizade. Não os dou nem empresto a ninguém.
- Gosto, como é bom de ver, de compartilhar gargalhadas, pensamentos, frustrações e preocupações por escrito, e no blog;
- Adoro compartilhar alegrias e odeio compartilhar tristezas;
- A importância crescente de acompanhar os blogs que comento e que, só por isso, são os únicos que eu acho que valem verdadeiramente a pena, começa a preocupar-me e a ocupar-me.(done)

4) Indicar 3 blogs cheios de "fufuquices"

Esta vou passar, e deixo à liberdade de quem me visita a auto-avaliação de achar que o seu blog faz parte do grupo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cavalheiros e Damas da Governação

Senhoras e meus Senhores que mandam neste Portugal:

Tive uma ideia:

Porque não fazer de conta que não temos o desemprego a bater nos 10%?
Porque não fazer de conta que não há famílias inteiras a passar fome?
Porque não fazer de conta que não há crise?

Porque não inverter as prioridades? Em vez de governar e fazer efectivamente alguma coisa poder-se-ia:

Pôr os governantes a comentar casos da justiça;
Pôr os noticiários a falar sobre quem pagou o almoço a quem;
Pôr o país a discutir o casamento gay, o Saramago, a Maitê e o apuramento para o mundial.


E NÃO SE FAZIA RIGOROSAMENTE MAIS NADA!!!!


Que tal?


ah.... já tinham pensado nisso....
ah... é exactamente isso que estão a fazer...
ah... pronto... peço desculpa por incomodar...

Nota: vou lá fora a ver se tenho mais ideias bestiais na esperarança que desta feita sejam originais.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uma aventura no mundo da gripe


E pronto! Já está! Foi desta! Não há nada a fazer! Tungas! Bingo!

Febre, dores musculares, blá, blá, blá, o mundo a parecer que ia acabar a qualquer momento.....

Será o tal do H1N1? Fui ver....

Nos dois primeiros dias, tratei a coisa como de costume. Muita água, antipiréticos, mezinhas de outros tempos, cocktails de vitaminas e medicamentos, e a coisa não passava....

Ó Raios!

Hummmm, lá marquei o 808 24 24 24 (É só a mim que este número faz lembrar aquelas “mi-liga-vai” hot lines dos anos 90?). Alguns minutos depois de estar a ouvir uma musiquinha tão fatela que quase que podia jurar que estava também a infectar o ouvido, eis que a Sr.ª Enfermeira X me começa a dar conversa. Tinha uma voz tão doce e sensual que quase estive para convidar a criatura para um café, mas como ela iria pensar que eu estava a delirar com febre e seguramente mandaria uma horda de enfermeiros e paramédicos senegaleses sodomitas para me silenciarem, achei por bem refrear os meus instintos e limitar-me a relatar objectivamente os meus sintomas.

Veredicto final: “Desloque-se na sua própria viatura ao Centro de Saúde tal, ponha uma máscara na cara e diga que vai mandado da linha Saúde 24.” O que eu interpretei como “Estás tramado, espeta-te contra um muro e não digas que vais daqui!”. Nem sequer tive tempo para lhe dizer que POR ACASO tenho viatura própria. E se não tivesse? E a Máscara? A única coisa com esse nome que tinha em casa era uma de “Máscara de argila verde” que a C. lá deixou da última vez que me fez uma visita. Serve? Meto aquela nhenha na cara e apareço tipo mutante marciano? Não criará alarme? Ninguém vai achar estranho um gajo chegar naqueles preparos?

Cheguei ao Cento de Saúde onde estavam cartazes na porta a dizer “Se está com sintomas de gripe, desinfecte as mãos nos dispensadores antes de entrar e ponha uma máscara”. Está bem, está! Se houvesse!
Depois de me ter enganado no edifíco, no andar, de me terem mandado para os arrumos, de me terem dito que afinal não era ali, lá cheguei ao sítio certo. Dezenas e dezenas de pessoas. Não deixa de ter piada a democraticidade que a coisa gerou, pois como os profissionais andavam todos de máscara e bata, só se vendo os olhos, não dava para reparar quem eram os auxiliares, os médicos ou enfermeiros. Eram todos iguais.
Interpelei a primeira que me apareceu e o diálogo surreal aconteceu. Apontando para a máscara que ela tinha nas trombas disse:

- “Boa tarde, eu acho que preciso de uma coisa dessas.
- Ai sim, porquê?
- Porque tenho a unha do dedo grande do pé encravada.
- Como?????????
- Ó minha senhora, isto não é o centro de atendimento da Gripe A?
- É.
- Então tente lá pensar um bocadinho.......
- há... Então toma."

Peguei na máscara com a mão que tinha livre, para assim ficar com as duas ocupadas e não me tentar a mandar-lhe um chapo nas fuças seguido de um “então toma tu também”.

E eis que a democracia acaba aqui, pois a máscara deles tem uns elásticos que são muito práticos para pendurar nas orelhas e as que dão ao povo têm umas tretas que aquilo só com 4 pessoas à volta é que vai ao sítio.
A sala estava cheia de gente a tossir e a espirrar, e eu ia pensando em relação à gripe A que se não a tivesse, era ali que a ia apanhar se lá ficasse mais uns minutos. Por sorte encontrei o médico no corredor, que depois de me perguntar o que se passava e o que estava a tomar me disse que estava muito bem assim e para voltar para casa que isto passava.

Saí dali o mais rapidamente que pude. Fui para casa. E passou.

Tanta treta, tanto plano de contingência, tanta precaução, tanto alarme e depois.... isto. Enfim....

Onde é que anda o gajo?

.....Perguntarão Vossas Excelências....

Pois bem, não tenho dito nada por aqui na medida em que estive com gripe. Não foi a A (acho eu, mas depois já aqui venho dizer a minha aventura no Centro de Saúde), mas foi suficiente para me arrasar fisicamente.

Até já e uma boa semana abençoada! (Que da maneira em que está molhada.....)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Descobertas do dia-a-dia

Nota importante: O cão gosta de sushi.

Nota MUITO importante: Nunca mais deixar bifes de atum a descongelar e sair de casa para ir trabalhar.

resposta a repto III


Desta vez foi o Daniel (do danielandgabriella.blogspot.com) que me lançou o repto.
Assim, desta feita:


Para participar no desafio é preciso:

1º Seguir as regras;

2° Levar o selo acima que identifica quem está, esteve ou estará no desafio;

3º Completar as seguintes frases:

a) Eu já ...
b) Eu nunca …
c) Eu sei ...
d) Eu quero …
e) Eu sonho …

4º Depois de completar a frase com suas respostas indicar 5 blogues para dar sequência ao desafio.


Ora bem... aqui fica!


a) EU JÁ fui menos ingénuo (e tenho saudades disso);

b) EU NUNCA disse nunca na vida. Nunca!

c) EU SEI um segredo estrondoso capaz de fazer tremer os alicerces deste país (mas como é segredo não vou poder revelar);

d) EU QUERO um dia acordar de manhã sem ter vontade de fechar logo os olhos;

e) EU SONHO horrorizado com o dia em que tenha um pesadelo onde não me deixam sonhar mais.

Passo o desafio: à Joaníssima, à Maria Teresa, à Ana Serrano, à MF e à Anna^

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Manifesto a favor desta merda toda

Acabou o” manifesto anti esta merda toda”.

Faltou a parte IV, eu sei, mas seria no fundo uma súmula do que se passa por aí à escala do que se passa aqui, no caixotinho onde vivo.
E agora?
Fugir? Emigrar? Fechar os olhos e fazer de conta que não é nada?
Sou de cá. Sou Português (com maiúscula). Amo a minha Pátria e não tenho medo de utilizar a palavra Pátria para descrever este canto onde vivo. É o meu canto, é a minha gente, é a minha alma. A nossa bandeira vale mais que tudo isto, o nosso Hino continua a arrancar-me lágrimas cada vez que o ouço.
Foram milhões e milhões os que deram a vida para que possamos hoje ter um território, uma língua, uma cultura, uma vida, uma... Pátria.
De facto estou farto de “tanta merda”, mas só por tê-lo dito, de pulmões abertos, já foi bom. E saber que há mais que pensam como eu, foi muito bom.
Não me resigno. Não quero ser nem um velho do Restelo, nem incorporar um “treinador de bancada”. A maior parte das vezes, sinto que estou sozinho na tentativa de levar civilidade onde ela parece já não existir. Sujeito-me a ouvir bocas, quem sabe até um murro nas trombas um destes dias.
Mas não posso, não quero nem consigo ficar quieto. Amo demais a minha Pátria para me limitar a mandar bocas ou dizer que “isto vai de mal a pior”, e vê-la a definhar como ser entrevado que ainda respira mas já lhe preparam o enterro.
A nossa grandiosidade como povo sempre passou por não nos deixarmos abater e conseguir combater na adversidade. E se conseguimos isso durante séculos, porque raio não é possível reeditar essas façanhas que nos estão no sangue para os desafios que temos hoje?
Basta querer. Eu faço a minha parte. Se amanhã um outro começar a fazer a sua, e assim por diante, estou convencido que “ainda há volta a dar a isto”.
E valerá a pena... por esta merda toda.

Boa semana.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Manifesto anti esta merda toda

Parte V - No Ensino


Estou farto.
Estou farto que batam nos professores. Lembro-me (e também era errado) quando os professores batiam nos alunos. Mas havia respeito.
Estou farto de ver professores, escolas, ensino e educação em geral serem maltratados.
Estou farto de ver alunos (e eu fui um bem contestatário!) confundirem liberdade com anarquia, reclamarem direitos e rejeitarem basilares deveres.
Estou farto de ver pais depositarem (sim, este é o termo correcto) os filhos nas escolas e demitirem-se das suas funções de educadores. Os professores não têm que educar ninguém. Não é essa nem a sua função nem a sua competência. Eles têm, sim, que formar e informar. A educação tem que ser em casa. E parece que a educação está como a casa: hipotecada.
Estou farto que as criancinhas se façam de santinhas em casa, e sejam capazes do maior terrorismo urbano na escola e que depois os pais achem impossível que os seus rebentos sejam capazes de tais asneiras, vindo em defesa dos meninos que na realidade não conhecem, irrompendo pelas escolas, demosntrando as verdadeiras bestas que são, e arreando em tudo e todos os que lhes aparecem à frente.
Estou farto que papás que não sabem fazer uma equação peçam contas à escola. Esses mesmos papás que trocam a sua obrigação de educar pela “playstation” para que as crias não chateiem em casa.
Estou farto do facilitismo que grassa hoje em dia no ensino. Já quase não é preciso estudar, trabalhar, ler, investigar, porque já é quase impossível reprovar um aluno (a verdade é que é mais complicado para um professor, mesmo que o aluno o mereça, “chumbar” a criatura, pois tem que fazer relatórios, justificações, planos disto e daquilo, do que o aprovar mesmo que não mereça). As bibliotecas foram substituídas pelo Sr. Google e pela Sr.ª D. Wikipedia.
Estou farto que ninguém respeite as escolas, pessoal docente e não docente, e que o que conte para a fotografia sejam as estatísticas estatais forjadas num bacoco sucesso construido com base no facilitismo e nas aparências.
Estou farto que, no meio disto tudo, se culpem as crianças, quando a verdadeira responsabilidade da sua péssima educação e resultados é exclusivamente dos pais alheados da vida escolar e até pessoal do seus filhos e que de tão estúpidos e ignorantes, sejam incapazes de ver os monstros que estão a criar.
Estou farto de saber que o futuro deles está aí à porta e que teremos milhares de jovens com “canudo”, é certo, mas que não sabem construir uma frase, fazer uma conta, acharem que Sartre é uma marca de roupa, um arquipélago é um tipo de tartaruga, o agente da passiva é um toxicodependente ou que um verbo defectivo é uma maneira chique de defecar.
Estou farto disto tudo e vou “ter k aproveitar enkto poço pra excrver cmo sei, pk n tarda xó axim é k m pxebem”.

Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-Se e dar-me força, não responderei por mim.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Interrupção no manifesto


Em teoria hoje seria o dia da parte IV do manifesto (No prédio).

No entanto, pelo menos hoje não será (e não sei se será), mas a parte V está assegurada.

E porque raio não sai hoje a parte IV? Porque estou obcecado com uma situação que vivi e que faz com que não consiga discorrer sobre o que me propus.

Acontece que Sábado (e não Domingo) decidi passar pelo cemitério. Como sempre. Sem pretensões, sem vaidades, sem adereços.

Depois de ter que conduzir a 3 Km/h nas últimas centenas de metros antes de lá chegar, sob o olhar atento dos agentes da autoridade estrategicamente de costas voltadas para os pelo menos 4 arrumadores de ocasião (cof..cof.. cof... perdão... cof.. cof..cof.. já devem ter andado nas "novas oportunidades", logo vamos chamar-lhes técnicos auxiliares de aparcamento), eis que começo a vislumbrar o panorama que de alguma forma já tinha previsto:

Bancas e bancas de velas. Brancas, vermelhas, amarelas, com ou sem santos autocolados, de todos os tamanhos e feitios.
Ok.... típico e normal...

Bancas e bancas de floristas, com tudo o que é espécie de flor (para a ocasião ou não, naturais, de plástico ou papel...) para todas as carteiras.
Sem dúvida que já fazem parte do quadro.... ok...

Dezenas e dezenas de escuteiros a vender calendários de bolso, de parede e autocolantes.
Sim.... até agora tudo normal.

Mas.... Quem deixou ali pôr, mesmo ao pé do portão (além de estar a tirar 5 lugares de estacionamento) a roulote das "FARTURAS DA TÂNIA"????

- "Olha, onde vais?"
- "Ao cemitério"
- "Tens lá familiares sepultados?"
- "Nãaao... Está lá a Tânia que faz uns churros com chocolate QUE É DE MORRER".

P* que pariu!!!!

Não vou comentar. Façam o obséquio... Que a minha educação não permite que transforme em palavras escritas os impropérios que me vão na alma.

sábado, 31 de outubro de 2009

Manifesto anti esta merda toda


Parte III - Na Rua

Estou farto.

Estou farto de não poder passar à vontade nos passeios porque estão cheios de carros e ninguém se rala desde que se esteja bem.
Estou farto de ouvir gente que não sabe falar mas só berrar ao telemóvel no meio da rua ou numa esplanada em que fico a saber (e juro que não quero) toda a infeliz vida das criaturas.
Estou farto de tristes que se põem numa caixa multibanco e, com imensa gente na fila agem como se fossem os únicos, e aproveitam para pagar as suas contas da água, da luz, do gás, juntamente também com as contas do primo do amigo do avô do vizinho de cima.
Estou farto de ver gente a mandar lixo para o chão, desde já confessando que nos últimos tempos cada vez que alguém à minha frente deita alguma coisa para o chão, apanho, vou a correr entregar dizendo “olhe, deixou cair isto, pois não acredito que seja pessoa de deitar lixo para o chão...”. E adoro ver a imbecil cara que as pessoas fazem e as desculpas que arranjam ao verem-se confrontadas com a sua imundície e a sua condição de badalhocas.
Estou farto de ser confundido com um bebedolas logo às oito da manhã só porque tenho que andar aos “esses” para evitar pisar o cócó dos cãezinhos dos outros. Logo eu que começo as minhas manhãs a apanhar a merda que o meu cão faz (haverá maior simbolismo Nacional para começar o dia?) Estou farto de tentar seguir e espiar os porcos dos donos dos outros cães e não conseguir descobrir onde moram, que um dia dou-me ao trabalho de apanhar também os montes dos cães deles (que às vezes parecem de vitelas) e deixar-lhos à porta . Sem saco, “au naturale”.
Estou farto de levar encontrões na rua de gente estúpida e arrogante que não pára sequer para pedir desculpa, fazendo-me sentir clandestino na minha cidade.
Estou farto de já ter decidido e no fim não ter coragem (porque respeito em demasia os invisuais) de pegar no cão e nos óculos escuros, arranjar uma vara daquelas que aleijam a valer, e ir rua fora armado em cego e cada ver que vejo um ou uma anormal que não consegue viver em sociedade.... zás zás zás.... pam pam pam..., arrear-lhe com a vara nas costas ao mesmo tempo que grito “Era aqui! Juro que era aqui a porta!“, fazendo de conta que não sei o que estou a fazer.
Estou farto que seja in ser mal-educado e pensar que foi abolida ou proibida a palavra “obrigado” (e ninguém me avisou), quando se abre ou segura uma qualquer porta ou se deixa alguém passar à frente, situações em que ponho quem está à minha volta a olhar para mim, pois não consigo deixar de berrar um “Não tem nada que agradecer! Um criado ao seu serviço!”
Estou farto de viver na “escarralândia” e na “paredomijalândia”.
Estou farto de ver criaturinhas impertinentes a empanturrarem-se de fast-food ao mesmo tempo que vão deixando os copos, sacos, papéis e embalagens por onde vão passando, dando-me vontade de os obrigar a meter tudo aquilo comodamente pelo recto acima.
Estou farto de Deus não me ter dado o dom de ser capaz de treinar pombas para que em voo picado acertassem com cagadelas nesta gente toda e eu ficar-me a rir.

Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-se e dar-me força, não responderei por mim.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Manifesto anti esta merda toda


Parte II – No Estado
Estou farto.

Estou farto que o Estado só se lembre de mim para me fecundar o juízo e me sodomizar à bruta.
Estou farto de me sentir como se fosse o papel higiénico do Estado. Cada vez que o Estado está aflito e faz merda, pega em mim, e em tantos como eu, e serve-se. À grande. E não sei se é pior o Estado agarrar em mim como papel higiénico, ou ter a ténue e estranha sensação que se aproveita de mim quando estou de calças na mão.
Estou farto de trabalhar e que os meus impostos, taxas, multas, pagamentos disto e daquilo sirvam para limpar o rabo ao menino.
Estou farto de desde sempre pagar tudo o que quero e ver à minha volta gente que nada fez nem faz encher-se com o dinheiro cá do rapaz e receber subsídios disto e daquilo. Porra! Passei anos e anos a estudar. Trabalho. Nunca roubei, e o Estado trata-me como criminoso.
Estou farto de ver que se alguém quer abortar, o Estado paga, MAS PROPORCIONALMENTE PAGA MENOS SE ALGUÉM DECIDIR TRAZER UM FILHO AO MUNDO. Se alguém não quer estudar e preferir andar na má-vida, coitadinho, tem problemas de inserção e o Estado paga. Se alguém não quer trabalhar e diz que tem muitas dificuldades, coitadinho, o Estado paga. Não tem casa? O Estado dá. Se chove, o Estado paga. Se há seca, o Estado paga. Se a coisa dá para experimentar drogas, coitadinho, é doente e é preciso tratar. O Estado paga! Agora experimentem, como eu, a não ser adicto de drogas, estudar durante 19 anos (com um curso superior e duas pós-graduações incluídas) e trabalhar honestamente todos os dias que nem um cão. O que é que o Estado paga? Nada. EU é que tenho que pagar ao Estado quase 50% do meu rendimento em impostos para ver os outros a gozar à minhas custas e andar a fazer contas à vida para poder viver e ter as minhas coisas.
Estou farto de ver gente a ser maltratada nas repartições públicas. Filas intermináveis para ser atendido por pessoas mal-educadas, (faça-se a ressalva para os funcionários públicos que se esforçam heroicamente para produzir alguma coisa e serem de facto humanos, competentes e simpáticos sempre em contra-corrente) incompetentes e que nada resolvem, antes criam mais problemas e dificuldades. “Ha... pois... isso era a senha amarela...”, “Ha... pois.... agora não pode ser que o sistema não funciona....”, “Ha.... não é esse o formulário. Tem que ir comprar outro e voltar amanhã...”.
Estou farto de ver o Estado enquanto credor a perseguir ávido de sangue as suas presas, e quando é devedor assobiar uma musiquinha e parecer que não é nada com ele.
Estou farto de ver o Estado a ser corrompido e a corromper-se, de serem abertos todos os dias não sei quantos processos crime e outros tantos inquéritos e depois....muito depois... se continuar sem nada saber acerca disso e a culpa morrer solteira.
Estou farto. E começo a perceber aquela senhora que em tom de brincadeira (segundo ela) dizia que para pôr isto em ordem, era suspender a democracia durante meia-dúzia de meses, pôr as coisas em ordem e depois sim, abrir outra vez ao público.
Estou farto de ver as forças policiais não poderem fazer o seu trabalho por falta de meios, e quando o conseguem fazer já é brutalidade policial e coitadinho que ele só roubava porque não sabia fazer outra coisa e tem que ser perdoado.
Estou farto de ver imensas pessoas a querer adoptar crianças e saber que existem imensas crianças para serem adoptadas e o Estado a dificultar as coisas por anos e anos.
Estou farto de ver gente a morrer em casa à espera de uma consulta médica ou ser remetido para uma maca num corredor de um hospital, quando o mínimo que o Estado tinha que fazer era tratar quem o sustenta com a dignidade humana que todos merecem.
Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-se e dar-me força, não responderei por mim.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Manifesto anti esta merda toda


Parte I – Na estrada.


Estou farto.


Estou farto de ser o único que pára nas passadeiras quando conduzo, e quando sou peão ninguém parar para me deixar passar. Ainda hoje berrei, a um centímetro de ser atropelado na passadeira, a uma fulana que levava duas crianças atrás. Que desejava do fundo do meu coração que quando fossem os filhos dela a atravessar uma passadeira nunca se cruzassem com uma besta ao volante como ela, pois se assim fosse, podia ter a certeza que no futuro ira receber uma triste chamada dum Hospital num final de tarde.
Estou farto de que cada vez que mudo de direcção ou de que cada vez que quero estacionar, fazer “pisca” para a direita ou para a esquerda. Parece-me incrível que os carros mais novos (sobretudo os de maior cilindrada e mais luxuosos) que vêm com “cruise control”, ar condicionado, estofos aquecidos, faróis de não sei o quê, tudo de série, pelos vistos terem as cabras das luzinhas cor-de-laranja como opcionais e ninguém as queira.
Estou farto de dar passagem a quem quer entrar, e quando sou eu a querer, bestas auto-mobilizadas façam de conta que não existo ou que pensem que têm mais importância ou mais pressa que eu para chegar onde quer que seja.
Estou farto de educada e correctamente me pôr na fila certa e (des)esperar até chegar a minha vez para entrar na via principal e repetidamente cheguem chicos e chicas espertos(as) que em alta velocidade pela esquerda conseguem entrar e ainda gargalham ou olham com desprezo.
Estou farto que, quando tenho oportunidade e digo alguma coisa em português normal a esses filhos de uma grande meretriz rodoviária, me respondam com obscenidades e gestos que nem a misantropos ficam bem.
Estou farto de sistematicamente ter o carro trancado, seja na garagem, seja no parqueamento e que à minha indignação por tal desrespeito, me respondam com um falo digital e ainda por cima quererem fazer-me crer que ter ali o carro meia-hora para ir ao cabeleireiro ou fazer “umas compritas” é legítimo e eu devia era ir chatear o Luís Vaz.
Estou farto de nas zonas de 50 com semáforo, ir realmente a 50 e filhos de rameiras com pedais fazerem disparar o vermelho e passarem mesmo assim, deixando-me parado a criar blasfémias mentais.
Estou farto que as mamãs e os papás tripliquem a já segunda fila de mau estacionamento para deixar ou ir buscar as suas crias ao infantário, colégio ou escola, que parece que se os deixassem, entravam de carro pela sala de aula adentro e querem lá saber se outros querem seguir pela mesma estrada e não podem passar.
Cada vez são mais. Cada vez é pior.
O meu avô dizia que “a bicicleta é o único meio de transporte em que a besta puxa sentada”. Tinha razão. E nem sabia o alcance que essas palavras podiam adquirir. A diferença é que agora as bestas já não têm que puxar.
Não consigo perceber porque têm estas alimárias carta de condução e automóvel e insistem em fazer do veículo um prolongamento das suas fraquezas, frustrações e imbecilidades profundas.


Deus me dê paciência, porque se calha a enganar-Se e dar-me força, não responderei por mim.


Em tempo oportuno deste manifesto:


Parte II – No Estado
Parte III – Na Rua
Parte IV – No Prédio
Parte V – No Ensino

Para pensar

Está em inglês, tem imagens um pouco fortes para os mais sensíveis, mas eis a maior prova de amor.

Uma mãe que luta pela vida do filho recém-nascido.

E vindo de animais.... que ensinamento para nós humanos....




Bom resto de semana.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Diálogos impossíveis.... mas reais III

Repartição de Finanças, 14h23

Funcionária: Teve muita sorte! O "stand" pagou-lhe o imposto do veículo novo!
Contribuinte: A sério? Ai que bom! Mas quanto seria?
F: €255,30
C: O quê? Tanto? Porquê?
F: É por causa da emissão de CO2...
C Não percebi.
F: É por causa da quantidade de emissão de gases.
(a Contribuinte ficou em silêncio por uns minutos e com uma voz muita calma, como que a saborear antecipadamente cada palavra que ia dizer)
C: Se eu declarar a quantidade de gases que o meu marido emite por ano, o Estado reembolsa-me alguma coisa?

adenda a resposta a repto II

ohhhh

Esqueci-me nas já realizadas da minha viagem à Polónia.... (sobretudo os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau).

resposta a repto II


É consabido que não sou muito dado a estas coisas, mas, e como mais uma vez foi a Joaníssima que pediu, aí vai...

Em teoria é para falar das 3 viagens de sonho. Já realizadas e a realizar...

Hummm..... nada fácil...

Realizadas:

- Açores: (merece um post exclusivo, mas fica para mais tarde). Todos os anos lá vou. (No ano passado duas vezes, de castigo...). Não se pode descrever. As fotografias e relatos pecam por redutoras e insuficientes. Tem que se viver. Vicia. Entranha-se. É tudo. A natureza, a magia, o mistério, a bruma, as cores, o mar, o ar, os bichos do mar, os bichos do ar e os bichos da terra, as gentes, a obra das bravas Mulheres e Homens que tornaram lava em terras onde Deus seguramente vai descansar todos os dias no fim da tarde, porque Ele só gosta do que é belo, puro e são. O brasão de armas dessa nobre terra e gente diz tudo: “Antes morrer livres que em paz sujeitos”.

- Finlândia e Estónia: Gente que nada tem a ver connosco latinos, gente que bebe mais álcool por segundo do que uma chouriça gasta do mesmo elemento (etílico) a assar no mesmo período de tempo. De frios e aparentemente distantes autóctones (durante o dia) aos mais amigos e festivos (depois de alguns copos logo pelas 5 da tarde). Principalmente a travessia marítima entre Helsínquia e Tallin num gigantesco ferryboat com tudo – desde casino, passando por supermercado, a discoteca – com placas de gelo à volta, um frio de cortar a cara e mesmo assim a inexplicável teimosia de estar no deck para respirar (tarefa complicada dadas as temperaturas negativas) toda aquela beleza fria;

- Dublin: Sem duendes, com um frio de Inverno que só com muita roupa se podia andar na rua.
Mesmo assim, e como foi por alturas já de Natal, percorrer Grafton Street cheia de luzes e cores, a alegria de um povo surpreendentemente educado, bonito, simples, simpático e amistoso. Viver as ruas e as gentes de James Joyce. Beber um balde de café acabado de fazer do “Bewleys Oriental Cafe” e a vida dos pubs ao final da tarde (e noite dentro....com Guiness e Jameson a fazerem perfeitamente as honras da casa).


A realizar:


- Índia (por tudo - e nunca vi a tal telenovela);

- Japão (por nada);

- Tibete e Nepal (por tudo e por nada).

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

É impressão minha ou...

... a sociedade protectora dos animais deve estar a dar pulos de contente pela nomeação de Dulce Pássaro para ministra do ambiente?

É impressão minha....

... ou nomear Isabel Alçada para ministra da educação é tentar começar a escrever desde já "Uma Aventura" na educação?

É impressão minha ou....

É impressão minha ou....

....nomear Augusto Santos Silva para ministro da defesa é deixar o homem que diz gostar de malhar na direita muito perto de armas e explosivos?

Breaking News

Já temos governo. Vou lá ver e já venho.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Alguém que me explique.

Sou ignorante, com um grande grau de iliteracia, quase analfabeto, vá...

Nem com muita dificuldade consigo ler jornais desportivos.

Livros? Já ouvi falar, mas não sei muito bem o que são(tem a ver com o buraco do ozono, certo?).

Mas eu cá ouço notícias, porque tenho um pequeno transístor sempre ligado.

Ouvi dizer que há aí uma grande bronca com uma dessas pessoas muito importantes que escrevem livros e que anda tudo muito exaltado com essa personalidade.

Alguém então que me explique:

Quem é essa tal de Sara Mago?

Algo de estranho se passa....

Hoje já vi em momentos diferentes do dia três carrinhas civis (ou à paisana, como lhe quiserem chamar) cheínhas de militares a andar de um lado para o outro...

Alguém sabe de alguma coisa que eu não sei?
Alguém conhece uma florista para saber se esgotou alguma flor em especial?
Alguém sentiu o cheiro a cravos no ar?

Uma coisa é certa. Algo de estranho se passa....

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Recebi um presente.....




Aliás.... dois!!!!!

Isto é Humor



Olhem lá a abordagem genial.
Isto é humor e a melhor reacção à "shodona" Maitê.

Um raio de sol no dia chuvoso de hoje.







HAHAHAHAHAHA

O quentinho do frio

Já se anunciava. Estávamos todos à espera. Mais cedo ou mais tarde acabaria por acontecer.
Chegou o Outono.
E ainda agora na TSF disseram que vem aí chuva, muito vento e descida acentuada de temperatura para os próximos dias.
É Ele. Chegou a minha Estação. Sou filho do Outono.
Dizem que no dia em que nasci estava Sol. Com aquela luz de ouro de Outubro, com aquela matiz de Outono. Com o calor reconfortante do Sol, com a aragem fria de aviso de Inverno, com o fumo e o cheiro das castanhas assadas a pairar no ar, com vento e folhas a esvoaçar por todo o lado.
São os meus dias.
São os dias que me fazem sentir vivo.
São os dias em que me sinto feliz.
São os dias em que ando nas ruas e ver a luminosidade difusa do meu Sol, que quer aquecer-me a alma confidenciando-me “eu estou aqui e quero aquecer-te. Estou aqui só por ti e para ti”.
Passo horas a caminhar pelas ruas desta minha cidade tentando que não me escape um único cheiro, uma única cor, uma única sombra, um único som.
Corro como uma criança cada vez que vejo um monte de folhas, para as levantar e pontapear. Para que se levantem, para que se “escangalhem” e saiam dos seus montinhos humanamente formatados e voltem onde devem estar, ou seja, por todo o lado. Para que voem à minha volta. Não resisto a um monte de folhas de Outono. Mesmo que os bem mais jovens que eu, os da minha idade e os mais velhos que eu me olhem com olhares de reprovação. Quero lá saber!
É o meu Outono.
São as minhas folhas.
É a minha felicidade.
Sou eu!
E o fumo a sair dos potes de zinco ou barro dos assadores de castanhas? E o cheiro que nos inunda o Ser?
Chegar a casa, beber um chá bem quente de Jasmim, encher bem alto as paredes com as óperas de Puccini (preferência para o “Turandot”) acender algumas velas, acender um incenso, pegar num livro, ler e ouvir os sons do Outono lá fora....
Enroscar-me na minha manta de Mohair e esperar que o cão venha (que vem!) participar neste vórtice de sentimentos, cheiros e cores.
É o meu Outono. Esta aí. E já lhe abri as janelas e a varanda cá de casa, para que entre com todo o seu fulgor.
És meu e eu sou teu. Desde sempre. Para sempre.
Bem-vindo!
Tinha saudades tuas.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Balanço da semana


Depois do verdadeiro teste de resistência que foi esta semana a café e a dormir muito pouco cada noite eis o balanço final:
- Depois de muito procurar, fui dar com o comando da televisão no congelador (olháaa notícia fresquinha....);

- Chaves de casa na gaveta das meias (lavadas, vá lá...);

- Mordiscar um biscoito de cão enquanto este se deliciava com um haburguer acabado de fazer (nem são maus de todo, os biscoitinhos...);

- Repetida e convictamente disse uma manhã à menina do café que me olhava atónita que queria “um torrão e uma galada” (era galão e torrada, mas não me saía...)

- Pus moedas no parcómetro, tirei o ticket e meti-o no bolso e lá ficou todo contente durante uma manhã inteira enquanto no “tablier” do carro ficou um lenço de papel (usado...);

- Estúpido de sono, dei por mim de manhã a passear só a trela do cão e o bicho a olhar para mim da varanda (quase que posso jurar que o vi a abanar a cabeça).

Chegou o fim-de-semana. GRAÇAS A DEUS!!!

Adivinha (com resposta)

- Qual é a empresa portuguesa que tem tido um fulgurante desempenho em termos de construção e obras públicas?
- É a Mota-Engil...
- Onde é que a Mota-Engil mais está a apostar agora?
- Em África, nomeadamente em Angola, Moçambique e Malawi...
- Quem é o presidente executivo da Mota-Engil?
- É Jorge Coelho...
- Quem é o novo Cônsul Honorário de Portugal em Lilonge, Malawi?
- É Gilberto Rodrigues...
- Quem é Gilberto Rodrigues?
- É funcionário de Jorge Coelho na Mota-Engil, e o responsável da empresa para a construção em toda a África....
Que bom, não é? Ao menos são todos amigos....

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A senhora dona maitê proença (com minúsculas)

Durante a tarde de hoje recebi um mail com este conteúdo. Se ainda não conhecem, peço que o vejam, que vale a pena.




Esta senhora devia fazer um pedido de desculpas formal ao País, mas não só. Por mim seria declarada "persona non grata" e ser-lhe vedada a entrada em Portugal.
Se a ignorância, estupidez, burrice e falta de educação parecem fazer parte da personalidade da criatura, que guarde para si as ilações que o seu único neurónio permite que saiam cá para fora.
Esta senhora há anos que invade os nossos televisores em telenovelas, publica os seus livros que até vendem bem e quando está na nossa terra Pátria fala maravilhas quer do território, quer dos Portugueses. E é sempre, como é apanágio do Português quando recebe estrangeiros, recebida de braços abertos e com todas as mordomias.
Esta senhora é falsa e mentirosa.
Que demonstre a sua burrice em termos históricos, vá lá, que seja ignorante, pronto... já há tantos..., agora cuspir num monumento nacional que por acaso também é um templo religiosos, alto!
Que se ria, ela e as como ela, depois do rever a “reportagem” é muito grave.
Que espere voltar a ser recebida de braços abertos na minha Pátria, isso não!
Eu sei que esta senhora é paga para decorar textos escritos por outros e debitá-los perante uma câmara, mas está visto que sendo ela a improvisar e a dizer o que lhe vai no íntimo, dá no que dá.
Considero-me uma pessoa tolerante e educada, mas isto ultrapassa todos os parâmetros de civilidade. E à falta de civilidade, responde-se sem civilidade. Sei o que implica dizer o que vou dizer, e que a conduta é tipificada como crime em Portugal, mas GARANTO que se souber que essa senhora vai chegar ao aeroporto de Lisboa em tal dia a tal hora, JURO que lá vou, bandeira de Portugal na mão, e farei questão de lhe cuspir em cima.
Que se tratem as pessoas com dignidade, que se trate quem lesa a Pátria e me lesa a alma e orgulho de ser Português com o que merecem.
Basta de tratar mal os Portugueses, falar mal da Pátria e nada fazer.
Brandos costumes sim, mas “quem não se sente não é filho de boa gente”. E eu como Português sinto-me ofendido.

Para quem queira acompanhar a questão: já há abaixo-assinados a exigir um pedido de desculpas, a senhora tem um blog onde fala sobre isto e ainda piora tratando Portugal como “a terrinha” e dá para comentar. Façam o favor....

Até breve, muito breve, pois direi algumas coisas sobre a questão de fundo e é a que importa.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O António

Como sempre, o café estava a abarrotar. Gente a almoçar, gente a tomar a bica depois de almoço, gente a ler o jornal.
Por sorte havia uma mesa com uma só cadeira livre, onde me sentei e pedi também a minha chávena cheia de sangue, pois já é só cafeína que me corre nas veias nestes dias.
Entra um garoto, sujo e mal vestido que começa de mesa em mesa a pedir qualquer coisa. Normalmente ou digo logo que não, antes mesmo que abram a boca, ou abano negativamente a cabeça sem sequer olhar ou dirigir palavra. Não é bonito, eu sei, mas já são tantos...
E parece que toda a gente pensa assim, pois essa era a atitude que todos iam tendo.
Chegou a minha vez.
Teria este doze, treze anos?
Cara encardida e olhos pequeninos escondidos no fundo de covas. Pediu dinheiro, que tinha fome e ainda não tinha comido nada hoje.
Houve qualquer coisa diferente naquele pedido. Não sei se pela humildade da voz, se pelo olhar profundo, se pelo tremor do corpo.
Disse-lhe que dinheiro não. Se quisesse um bolo, podia ser, mas dinheiro não.
Olhou para mim com olhos grandes, que não sei onde os tinha escondidos, e numa voz sumida disse-me obrigado. E ficou de pé, em silêncio, quieto.
Não percebi e perguntei-lhe de que estava à espera. Aí foi ele que não percebeu.
- Mas... eu posso escolher, Senhor???
Desarmou-me. Quem é esta criança? Que faz aqui? O que o faz estar aqui?
Disse-lhe que sim, que podia escolher. Chamei uma empregada do café e disse para dar ao garoto o bolo que ele escolhesse.
Correu até à vitrine e percorreu várias vezes com o olhar e corpo a acompanhar, todos os bolos e doces que se apresentavam naqueles 2 metros de paraíso.
Voltou para junto de mim. Sem bolo. Mais uma vez não percebi.
- Olha, senhor (gostei..) em vez de ser um bolo posso comer um pão com manteiga? Eu gosto muito de bolos, mas estou mesmo com fome e queria pão. Pode ser?
A cada segundo que passava mais me intrigava e mexia comigo, aquele garoto. Disse que sim, e voltei a chamar a empregada. Que fizesse um prego no pão. Que desse ao garoto o que ele quisesse para beber.
O puto ficou com uma expressão de Sol no rosto que deu para ver que afinal havia algo mais que sujidade. Algumas rugas.... Seria possível?
- Como te chamas?
- António.
- Olha, já está pronta a tua comida. Vai lá.
- Obrigado, senhor, disse, com uma voz que quase parecia emocionada, mas devia ser a minha imaginação a funcionar.
Fiquei a fitá-lo. Encostou-se ao balcão que era quase maior que ele, e era nítido o esforço que fazia para ver a comida e pegar-lhe. Entretanto já havia mais algumas cadeiras livres. Fui buscar uma, dirigi-me a ele, peguei-lhe nas coisas e disse para se vir sentar comigo.
Começa a comer e notava-se o deleite que lhe provocava o alimento. De vez em quando olhava para mim e parava. Para dizer tão só obrigado.
Não aguentei e comecei a fazer-lhe perguntas.
O António afinal tem 9 anos. Mas a vida já se encarregou de o envelhecer e de o obrigar a ser adulto sem o deixar ser criança. Tem o pai e o irmão mais velho presos. Toma conta da irmã mais nova, que tem 5 anos, enquanto a mãe trabalha. A dias, fazendo limpezas.
Não vai à escola porque não gosta.
- Não gostas da escola? Porquê?
Não era da escola que afinal não gostava. Não tem é cadernos, nem lápis de cor que os outros meninos têm. E os outros meninos não o percebem e ele não percebe os outros meninos. Mas mesmo assim, não pode ir. Tem que tomar conta da irmã. E ter o quarto, onde moram os três, arrumado para quando a mãe chega do trabalho. A chorar, sem ele entender porquê.
Enquanto fala, vai pegando em alguns guardanapos de papel e sigo atentamente os seus gestos, pois cada palavra e cada gesto do António me vão surpreendendo, arrebatando e enchendo de curiosidade.
Metodicamente come apenas metade do prego e começa a embrulhar com muito cuidado a outra metade.
- Para que é essa metade? Para comeres mais tarde?
Não. Não era. Era para levar à mana, que também ainda não tinha comido nada.
O António naqueles minutos estava a ensinar-me tudo que eu nunca tinha aprendido durante todos os anos que tive cadernos, canetas, lápis-de-cor e meninos que percebiam o que eu dizia e eles também percebiam do que eu falava.
Tentei em vão disfarçar uma lágrima que me caíu e que me prometeu que vinham mais iguais atrás dela.
Chamei mais uma vez a empregada. Que fizesse mais 4 pregos no pão. Que os metesse num saco de plástico com outros tantos sumos e desse ao António.
Olha, António, vou ter que me ir embora que já estou atrasado. Fica aqui a acabar de comer. Sem pressas.
Olha, Senhor, posso dizer outra vez obrigado?
Enquanto saía do café ouvi ainda o António a dizer bem alto:

Senhor, Obrigado! Prometo que nunca mais lhe peço nada.

Não, António, promete-me que cada vez que me vires na rua, vens ter comigo, vens falar-me de ti, de como estás, e quem sabe um dia até me vens pedir um lápis de cor, uma caneta, um caderno e dizeres-me que voltaste à escola.

Obrigado a ti, António.
Eu é que tenho que te agradecer. Muito.

Já chove

Chegou a chuva
A chuva chegou. Eu gosto muito da chuva. A chuva é importante para as plantas e para os animais e é também por causa dela que temos água para beber.
Quando chove as pessoas têm que andar com guarda-chuva para não se molharem e temos que ter muito cuidado para não pisar poças de água.
Eu gosto muito de pisar as poças de água e de saltar em cimas daquelas mesmo grandes, mas a minha Mãe diz que eu não posso fazer isso porque me sujo todo e fico doente. Mas eu gosto na mesma.
Com a chuva o céu fica muito escuro e as pessoas parece que ficam chateadas e eu não percebo porquê, porque eu gosto da chuva.
Só não gosto quando tenho tempo para brincar na rua e não me deixam ir porque dizem que a chover não pode ser. E eu não entendo porquê.
Eu gosto muito da chuva.
Esta semana estou a roçar os limites da exaustão, mas a meninice, inocência e pureza que existe dentro de cada um de nós não tem culpa.
Há dias em que o nosso ser criança parece que nos bate à porta. Não porque queira entrar, mas sim para pedir e lembrar que não quer sair. É nosso e faz parte de nós, mesmo que nos recusemos a admiti-lo ou passemos uma vida inteira a tentar escondê-lo. E as coisas mais simples são as mais verdadeiras.

E era tão bom chapinhar nas poças de água, não era?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A declaração do Presidente da República


Estive até agora a tentar perceber se havia de dizer alguma coisa sobre o que ocupa neste momento o País (visto que aparentemente nada de mais importante há a tratar, discutir e pensar).


Tem que ser.


Depois de ouvir o discurso do Presidente e as reacções dos vários partidos, e ter feito um esgotante esforço intelectual de quase 2 minutos, tudo me pareceu muito mais claro e definível em quase termos de equação:


Sócrates vê Cavaco como uma tradicional (no pior sentido) sogra. Só chateia, incomoda e só é bom quando está em silêncio e longe.
A primeira consideração vai para a dedução lógica de que então a Pátria está órfã de pai.
Para Cavaco ser sogra, e visto Sócrates ser divorciado, teve este que ter copulado a Pátria. Olhando para estes últimos 4 anos cada um dirá o que entender.
Resultado: Sócrates terá que casar com o País e vamos ver que tipo de rebentos sairão de S. Bento nos próximos meses.


Durante umas semanas espero dar descanso a considerações políticas, que, como disse, já começo a estar farto disto e há coisas bem mais importantes que devem ser ditas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Só só eu a pensar que não há volta a dar a isto?

Se fosse de qualquer outro partido, diria a mesma coisa.

Li atentamente (pela primeira vez na vida) os programas eleitorais dos 5 partidos com representação parlamentar.

Quem leu ou ouviu as propostas do Bloco de Esquerda, sabe que além dos PPR, das nacionalizações, da proibição da criação de chinchilas, da produção de ovos em bateria e outras, defendia-se a proibição dos rodeos em Portugal.

Eu nem sabia que havia...

Fui pesquisar.

Mais valia estar quieto.

Para quem estiver interessado, no próximo Sábado há um rodeo em.... Salvaterra de Magos, a única Câmara Municipal do Bloco de Esquerda, cuja edil por acaso foi arguida num processo judicial e é aficionada dos touros de morte...

Haja coerência e vergonha, por favor....

Começo a estar farto disto.

Alguém me ajude pelo amor de Deus

Não vou dizer absolutamente nada. Acreditem. É melhor assim.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O futuro do país e o meu futuro


Desde Domingo que faço contas à vida.
Como será o novo governo? E o meu futuro?
Para que não seja apanhado desprevenido, criei já o meu plano de contingência (é in ter um agora, seja para o que for). Eis as possibilidades até agora e minhas respectivas soluções:
Hipótese 1
PS sozinho em minoria:
Compro um balde gigante de pipocas e bilhete inteiro de temporada para o parlamento ( mas com a ressalva de devolução do dinheiro caso o governo não chegue ao fim da legislatura), que a coisa promete.
Por via das dúvidas, andarei sempre com uma caneta no bolso, não vá haver umas eleições à espreita na esquina.
Compro um bloco A5 onde desenho uma grelha com uma coluna para data, outra para manifestação, outra para números de adesão adiantados pelos sindicatos, outra para números de adesão dados pelo governo e uma última para contabilizar os minutos de vitimização que serão carpidos pelo PM na comunicação social.
Hipótese 2
PS e CDS/PP:
Tomo pequeno-almoço com padres, almoço com bancários e janto com sindicalistas da UGT, à cautela.
Tento desesperadamente entrar na Opus Dei e na Maçonaria ao mesmo tempo.
Vou à primeira parafarmácia que encontrar, compro 70Kg de aspirinas, que só assim é que a coisa me parece se vai aguentar.
Hipótese 3
PS, CDU e BE:
Deixo de usar fato e gravata (que ser alvo fácil de snipers revolucionários é coisa que me assusta), ponho uma cara de zangado com a vida e deixo crescer a barba.
Deixo de trabalhar, escondo o facto de ser licenciado, pós-graduado, e de ter queimado muitas pestanas e suado as estopinhas para chegar onde cheguei por mérito e esforço próprio, deixo de tomar duche todos os dias, visto andrajos e ponho-me a exigir uma casa, uma nova oportunidade , o rendimento mínimo e mais uns quantos subsídios novos que hão-de aparecer. Ao mesmo tempo vou tentando discretamente perceber para que país fujo.
Hipótese 4
PS e BE:
Vendo tudo o que tenho de valor (carro incluído que quem tem um e não anda de transportes públicos é de burguês fascista) e escondo o dinheiro.
Faço uma fogueira onde queimo a minha roupa considerada mais burguesa e invisto em roupa de feira para passar despercebido na rua.
Faço uma limpeza a fundo cá em casa para ir preparando o dia em que me vai entrar por aqui adentro uma qualquer força milicio-popular-revolucionária a dizer que a casa é do povo e me levarem os pertences que ainda me restarem.
Com o dinheiro escondido nos sapatos e meia dúzia de trapos faço-me à estrada durante a noite e fujo do país.

Por via das dúvidas tenho dedicado duas horas por dia a:
- treinar o cão para ser capaz de levar os seus haveres embrulhados num pacotinho preso aos dentes;
- aprender a tocar viola;
- decorar algumas músicas de intervenção.

Diálogos impossíveis... mas reais II

8 da manhã.
Ainda com o cérebro a dormir profundamente, sintomatologia somali no estômago e bexiga prestes a transformar-se em hérnia, vislumbro com muita dificuldade (dada a hora pornográfica) o panorama da sala de espera do laboratório de análises clínicas.
Respiro fundo de tranquilidade: tudo normal e tudo no sítio, que é como quem diz paredes a precisar urgentemente de pintura, revistas do tempo em que a imprensa ainda não tinha sido inventada, necessariamente em cima duma mesa com tampo de vidro baço (não! não é baço! Aquilo são dedadas!), e a televisão, sem som, ligada num canal impossível de identificar, tal a qualidade da imagem.
Os meus companheiros de sevícias são todos muito discretos, mas fixo-me numa senhora de mais idade. Vem dos arredores.
É uma imagem que sempre me enternece, ver essas senhoras que vêm de fora da cidade, de sítios mais rurais, e que vestem roupas que certamente são retiradas do armário para ocasiões especiais e para vir à cidade.
Mas o telurismo que lhe corre nas veias fareja-se à distância. Não só pela indumentária, mas também e sobretudo pela postura corporal humilde e quase submissa com que se senta na cadeira, “saca plástica” carregadinha de medicamentos (não consigo imaginar porque os leva, mas há coisas que é melhor não saber), e as socas calçadas, que mesmo com o calor não há coisa mais confortável.
O tempo vai passando e a senhora demonstra nitidamente sinais de agitação e nervosismo.
Depois de ter conversado com outra que estava a seu lado (e todos ficámos a saber tudo acerca dela, das doenças de que padece, da família, do marido e respectivos problemas com o álcool, das raparigas que agora são piores que os rapazes, do fogão novo que comprou na “Vórti”, do filho emigrado na Suiça que está desempregado, veja lá...) já quase que saltita na cadeira.

De repente, levanta-se e dirige-se à recepcionista perguntando:

- Onde é a casa-de-banho?
- É ao fundo à direita. Mas não vai urinar, pois não?
- O quê?
- Não vai urinar pois não? É que não pode...
- Não! Vou lá agora! Vou é mandar uma mijadela que já não aguento mais!

E foi.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eleições e pensamentos

Vão-me desculpar, mas olhando para o panorama eleitoral (de uma ponta à outra) depois dos resultados de ontem, fiquei com uma certeza:
No dia em que o Victor Cardinali se candidatar a umas eleições legislativas vai ganhar com maioria absoluta, pois neste país tem mais votos quem mais se dedica às artes circenses.
E começo a estar um pouco farto pelo facto das campanhas só servirem para me mandar amendoins à testa. A mim e a todos os Portugueses.
Efim. Desculpem. Estava a precisar de desabafar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Resposta a repto

Se não fosse a Joanissima a enviar, provavelmente pensaria duas vezes antes de aceitar o desafio e responder. Mas vindo de quem vem, não há modo de dizer não.
Ora aqui vai:

1 - Quem mais gostas de abraçar no presente?

Todos aqueles que acho que devem (e merecem) verdadeiramente ser abraçados. Sem estigmas, sem preconceitos, sem conceitos, sem reservas.


2 - Quem nunca abraçarias?

Toda a gente que não nasceu para ser pessoa, que com a sua mesquinhez, pobreza de espírito, mediocridade e inveja enfermam os meus dias.

3 - A quem davas tudo para poder abraçar?

A todas aquelas pessoas que já abracei e que, porque o seu tempo neste mundo já terminou, nunca mais poderei voltar a abraçar.

4 - A quem davas o teu melhor abraço?

Só tenho um abraço. Meu, único e verdadeiro. Não sei se é o melhor, o pior, o mais forte ou o mais fraco. É o meu. É sempre o mesmo. E só o tem quem é digno dele. Sinto-me previlegiado e o mais feliz dos homens por já ter dado muitos abraços e ter pessoas a quem não me importaria de estar abraçado um dia inteiro.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Parabéns!!!!!


É o segundo aniversário do Gui!
Este é o Gui! O meu cão!
Faz hoje 2 anos (o que contra tudo o que sempre pensei em termos de conhecimento canino - achava que seriam 14 anos humanos - e no que ao seu caso concreto diz respeito, equivale a 25 anos de gente).
1 ano e 10 meses comigo.
Sempre adorei animais. Nunca esquecerei dos Natais frios na aldeia da minha "Tia Tina", em que acordava com 4 ou 5 gatos debaixo dos 7 lençois e 30 cobertores (faz muito frio para aquelas bandas. Neva no Natal!!!) que ela punha como modo só dela para me acordar. E era tão bom.
Eu não queria um cão. Ou melhor, sempre desejei e nunca - por forças das circunstâncias que eu mesmo ia criando - fui capaz de ter um.
Há coisa de um ano e dez meses vi, quase por acidente, uma cadela que tinha sido abandonada pelos donos pelo simples facto de ter emprenhado. Teve 7 crias. Machos - 5, Fêmeas - 2.
Fui ver os "bebés".
Acariciei um, peguei num outro, todos contentes pelo afecto que lhes estava a dar. Fiz a minha boa acção do dia, pensei...
Mas, quando pego numa específica e determinada bolinha de pêlo preta para também o afagar, agarra-se à minha camisola com as unhitas, começa a tremer como nunca vi um animal tremer e começa a lamber-me o pescoço e cara como se me conhecesse desde sempre, e como se desde sempre estivesse à minha espera.
- "Não o posso deixar aqui".
E não deixei.
Desde então a minha vida mudou.
Tive que mudar de casa (duas vezes) para NOS adaptarmos ao espaço. Descobri (da pior maneira) que não podia deixar as coisas de que mais gostava não à "mão-de-semear", mas à "pata-de-roer".
Fiquei sem candeeiros, carregadores de telemóveis, livros (leu um interinho de trás para a frente) e Cd´s;
Fiquei sem carteira, cartões multibanco e de crédito de tão roídos os deixou (estando até hoje sem saber por que raio só escapou o cartão de contribuinte....);
Fiquei sem as minhas plantas favoritas, um pedaço de canto de parede, móveis, calçado e outras coisas que tal.
Fez com que, e durante muito tempo, cada vez que subisse no elevador para entrar em casa, me viessem suores frios e um franco estado de nervos com medo do que poderia encontrar em casa, e no estado em que poderia encontrá-la;
Fez com que viesse a saber que os cães também podem ser hiperactivos e fazerem recorrentes crises de ansiedade ("Clomicalm 20 mg, um comprimido logo pela manhã durante 3 meses");
Fez com que entrasse no maravilhoso e milionário (para eles) mundo dos veterinários;
Tive que o castigar muitas vezes. Leu o "Público", versão enrolada quando se portou mal, e o "Expresso", em versão também enrolada quando se portou muito mal.
Mas é o meu Gui. É o meu cão. Que responde quando o chamo: "Gui", "Cão", "Zé" ou "Vem cá".
É quem conhece o barulho do motor do meu carro, e mal entro no bairro fica à espreita na varanda, recolhendo as orelhitas de satisfação e soltando ganidos (baixinhos, que sabe que não pode fazer barulho) por seu dono chegar.
Chego a casa muitas vezes exausto, triste, desolado, frustado da merda de dia que tive. Mas quando abro a porta de casa, o meu Gui faz-me a festa de quem tem o auge do seu dia naquele momento. Cumprimenta-me, lambe-me, salta à minha volta de contentamento.
O Gui é o "speed" do meu Ego.
Para o Gui as coisas só têm sentido quando eu estou por perto.
E quando me corto, me magoo numa esquina traquina, quando uma porta se mete diante dum pé meu, quando (por causa dele, faltava essa...) até um braço parti, lá vem o Gui, já tendo percebido que não estou bem, lamber-me, confortar-me, e aninhar-se junto a mim para me dar o seu quentinho.
Dorme aberto como um frango assado, mas basta eu espirrar para vir indagar se estou bem.
Este é o Gui. O meu cão.
Parabéns bicho!
Sabes, embora às vezes não pareça, o teu dono gosta muito de ti.

domingo, 13 de setembro de 2009

Fim-de-semana

No fim-de-semana e hoje li coisas brilhantes escritas por pessoas brilhantes que me dizem muito.
Coincidência ou não, também falei com gente que vale muito a pena e não ouvia há muito.
Econtrei-me com pessoas que embora vivam fisicamente perto - as cidades podem ser mundos -passam-se meses sem que as veja ou fale com elas (e talvez por isso seja mais difícil marcar um simples café, pois vive-se na ilusão que pode ser "sempre" ou "já amanhã", sendo que esse "sempre" é verdadeiro, e o "amanhã" é mentiroso e falso, com tanto de matreiro como de eterno, encarnando em si a sua própria e total dimensão fatalista, nunca se transformando em "hoje" ou em "já"). Um amanhã é sempre um amanhã.
No fim-de-semana e hoje senti muita gente presente. Que já não sentia assim tão perto há bastante tempo. Demasiado.

Se eu podia viver sem amigos, sem família e sem quem me ama?

"Podia, mas não era a mesma coisa".

sábado, 12 de setembro de 2009

Asfixia democrática

Eu tinha prometido a mim mesmo que só voltaria aqui na segunda-feira. Mas não resisti.

Na tal viagem de 100 Km que tive que fazer (100 para lá e 100 para cá), a certa altura, nos quadros luminoso-informativos da brisa apareceu (juro que é verdade e que nunca tinha visto) "ATENÇÃO. PERIGO! ANIMAL A 16 KM".

Durante 16 Km andei a 100 Km/h não fosse aparecer um cavalo, um porco, uma ovelha, um hipopótamo.... sei lá!

Bicho não vi nenhum.

A única coisa que havia passados 100 metros dos tais 16 Km foi um "outdoor" gigante, com um dirigente partidário candidato às próximas eleições!

Lindo!

Qual asfixia, qual quê!!!

Ou balão de oxigénio democrático ou sabotagem democrática!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

As Sextas-feiras andam a perder o encanto

Estou com uma hora de sono, pois a papelada não estava ainda pronta, e tenho uma viagem de 100 Km para fazer.
Mas informo desde já que hoje vai ser um dia diferente. Todos aqueles que se cruzarem comigo na rua certamente irão reparar. (Estou ansioso)
Hoje olhando para mim verão que terei um cabelo "muito mais brilhante, forte e sedoso, fácil de desembaraçar", e minha pele tem "uma camada protectora".
É que com a pressa e o sono, enganei-me e usei o shampoo do cão.
As sextas-feiras não costumavam ser assim...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Diálogos impossíveis..... mas reais.

- Bom dia!
- Bom dia.
- E o que vai ser?
- Queria um galão e uma torrada seca, por favor.
- Uma torrada quê?
- Seca.
- Seca?
- Sim. Uma torrada sem manteiga.
- Só um momento.
... (compasso de espera verdadeiramente constrangedor)...
- Olhe, manteiga não temos. Pode ser uma torrada sem margarina?

.... às vezes apetece tanto chorar em sítios públicos.....

Tudo é relativo


Como é óbvio e evidente ninguém, ou quase ninguém, fica feliz com a desgraça alheia. Eu, pelo menos, não fico.
Mas tenho que confessar que muitas vezes a desdita alheia faz-me relativizar a minha própria desgraça e faz-me ver, afinal de contas, que aquele meu problema não é uma hecatombe, que aquele meu azar não é, como eu pensava, comparável ao infortúnio de Jó, e aquela maleita não é nada em fase terminal.
Surge isto a propósito desta última madrugada, em que me vi metido numa alhada que incluiu urgências veterinárias, sangue, desesperos e tudo. O ambiente estava tenso e eu lanço uma daquelas frases infelizes, de circunstância, que não servem para rigorosamente nada mas alguém tem que as dizer:

- “Há horas do diabo!”

Ó santa coisinha que me foi sair da boca.

Um dos presentes (que não conhecia) conta o que lhe aconteceu vai para um ano. Os factos seguintes foram-me relatados na primeira pessoa. Os factos são dele. O léxico é meu. Não vou acrescentar nem mais um ponto ao conto.
Esse cristão tinha ido a uma festa com alguns amigos. No regresso a casa , um qualquer “fangio” vinha em contramão e direitinho a ele. Guinou para evitar o embate frontal. Galgou o passeio e ficou amparado por um poste.
Ainda estúpido de confuso, começa a ver os estragos do carro. Roda direita da frente empenada, umas amolgadelas e uns riscos.
Quando voltava para entrar, e por força da posição em que o carro tinha ficado, outro veículo que circulava em sentido contrário, encadeado, vem também direito a ele. Teve apenas tempo de se mandar para o passeio. Mas foi aterrar numa valeta. Que servia de drenagem a uma fossa.
Vê-se o nosso herói a sangrar do nariz e cabeça, por um lado, e a escorrer esterco, por outro.(Imagem linda e poderosa....)
Desnorteado, decide que o melhor é, o mais rapidamente possível, pôr o carro em casa e ir ao hospital.
Ligou os quatro piscas, e com o carro a desconjuntar-se e a fazer barulhos tipo maracas e “nheca nheca” lá foi quase a 20 à hora para casa.
Mas quando finalmente estaciona, repara que atrás dele pára também o carro da polícia que o tinha vindo a seguir dado o comportamento estranho de condutor e conduzido.
Sai, mostra a documentação e é convidado a ir até à esquadra onde depois de dois dedos de conversa e tão só uma “bufadela” paga prontamente a multa pelo excesso de álcool.
Muito tempo depois consegue chegar às urgências. No carro da policia, que lhe deu boleia....
Ora digam lá . Afinal até nos nossos dias mais cinzentos, comparativamente, ainda há raios de sol.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os senhores vendedores

Sério demais para que se solte uma piada.

O mal de ter costumes instituídos desde mais tenra idade quanto à higiene das orelhas e ouvidos é um tipo sujeitar-se a ouvir o que quer e o que não quer.
Estava eu sentado na esplanada do café aqui à porta de casa, quando na mesa ao lado se sentaram três sujeitos na casa dos vinte e muito poucos. Não fiz por ouvir a conversa, mas o volume era tal que era impossível não o fazer.
Eram vendedores, promotores ou comerciais de uma operadora de televisão por cabo. Por acaso é a empresa com a qual contratei o serviço cá de casa e com a qual não estou minimamente satisfeito, mas isso são contas de outro rosário.
Bem sei que são explorados, bem sei que muitas vezes são empregos (precários) de recurso quando a licenciatura que eventualmente têm não lhes proporcionou a vida profissional que sempre almejaram, bem sei que lhes incutem valores com os quais não concordo, bem sei que recebem parte substancial da remuneração em regime de comissões. Bem sei.
Mas isso não implica nem legitima que tratem as pessoas que acedem a abrir-lhes a porta e a ouvi-los, que no fundo são quem os sustenta, como se de otários de tratassem.
A estas alminhas já lhes corre no sangue a filosofia do mais vale enganar que ser sério. Discorreram em alta voz sobre as casas que visitaram, teceram comentários sobre o que as pessoas tinham em casa e seus gostos de decoração, sobre o aspecto físico das pessoas, gozaram que nem perdidos com o contrato que conseguiram “sacar” a uma “velhota” de 76 anos. Que a puseram com 100 canais e internet de 10Mb com tráfego ilimitado. Essa senhora poderia ser a Avó deles, e já não há o mínimo de discernimento e respeito por quem já não tem idade para (nem merece) ser enganado.
Essa senhora podia ser minha familiar, amiga, conhecida ou afim. Duvido que essa senhora saiba sequer onde se liga um computador, quanto mais para que serve a internet.
E os energúmenos debitavam, entre gargalhadas, estórias (que não histórias) das suas hercúleas façanhas da arte de enganar.
Para dizer a verdade, no fim da conversa, só me apeteceu rescindir o meu contrato, e reduzir-me à realidade com que nasci e cresci no período fulcral da formação da minha personalidade, que foram os canais em sinal aberto (e durante alguns anos, apenas os dois estatais). E não me fez mal nenhum.
Por essa senhora, que agora se vê com papéis auto-copiativos de várias cores com a sua assinatura no fundo, com versos cheios de letras pequeninas que nunca conseguirá ler, sem ter percebido ainda muito bem o que fez, sinto-me triste.
Por esta história (que não estória) entrou-me uma pedrinha na alma . E sabe Deus quão difícil será tirá-la de lá.