Nunca nestes anos de vida achei que as oliveiras pudessem ser vis, torpes, traiçoeiras e cheias do mal. Eu que desde sempre tive paixão por oliveiras (e já agora, castanheiros) e sempre me pus a observar e a acariciar esses belos muitas vezes centenários e milenários espécimes das Oleaceae.
Pois bem, as sacaninhaas são capazes das coisas mais atrozes. As aparentemente inofensivas oliveiras são capazes de provocar ataques de pânico como quem vai daqui para os S.O. com príncipio de ataque cardíaco.
Noite. Último passeio do cão. No jardinzito já famoso porque muitas vezes dele aqui falei. Os candeeiros, coitados, dão a luz que lhes permitem dar. Pouca.
Aos saltinhos na relva, tento driblar os montinhos de bosta dos outros cães. Esquerda, frente, direita, lado...
Mas ninguém poda as oliveiras. Ninguém apanha as azeitonas que elas carregam. E assim, as negras azeitonas vão caindo ao sabor do vento.
E quis a sina que duas delas caíssem em cima duma bosta enorme e já espalmada. E quis a fortuna que ficassem quase lado a lado. E quis o fado que eu, na bruma, olhasse para o chão.
E quis o destino que visse uma bosta gigante com dois imensos olhos negros a olhar para mim com um ar reprovador e assustador.
E quis Deus que o meu coração aguentasse.
E quis a economia caseira que ainda houvesse whisky em casa para acalmar os nervos.
E quis o uísque que me pusesse "uisquisito" e me tivesse dado para vos relatar esta merda.
E que a partir de agora o azeite me vá saber mal.