terça-feira, 13 de setembro de 2011

Doce de Beterraba

"Doce de Beterraba"

"Ingr: Beterraba 60% Açúcar 40%"


É tão somente isto. Agora o que leva a que dentro de um frasco com uma apresentação irrepreensível venha mais do que beterraba e açúcar nas devidas proporções é toda uma outra história.

É a história de uma amizade e de um carinho, do mais puro e desinteressado que há, na medida em que conhecimento pessoal não há, apenas o virtual.

Uma palavra leva a outra, uma provocação leva a uma conversa, e.... nasce uma amizade.

E essa amizade, aliás, essa Amizade, faz com que dentro de um frasco venha tudo o que de doce uma Amizade pode trazer.

Chegar assim a casa depois de um longo dia de trabalho e ver um caixotinho todo aprumado, orgulhoso do seu conteúdo, à espera, adoça a alma, polvilha com açúcar o coração e faz nascer um sorriso de Sol no quente entardecer.

Doce de Beterraba

Ingr: 50% Amizade, 50% Carinho

Indicado para: fazer mais felizes os meus dias.

Obrigado.

domingo, 28 de agosto de 2011

Outra partida

Estou tão cansado de ver os meus amigos partirem...
Descansa em paz, Fernando.
Foste ter com o Pai.
Ficam estrelas e lágrimas.

RIP

sábado, 18 de junho de 2011

Dona Natália (curtos pensamentos para um grande carinho e gratidão)

Sempre ouvi dizer que a Dona Natália lá entrou em casa quando eu fiz um ano de idade. Naturalmente não me lembro. Mas lembro-me que desde que comecei a lembrar-me das coisas a Dona Natália estave lá. Sempre.



A Dona Natália lavou-me fraldas, cueiros e demais roupa (interior ou nem por isso).



A Dona Natália viu-me ir para o colégio. Foi levar-me buscar-me. A mim, petiz metido dentro daquele bibe que mudava de cor consoante o ano.



A Dona Natália viu-me ir para todos os graus de ensino. Viu o meu primeiro espalho de bicicleta e viu-me orgulhoso no primeiro dia que conduzi um carro.



A Dona Natália viu-me ir para a faculdade e lavou-me peças de roupa meio vomitadas depois de "sabatinas de estudo", especialmente ao fim-de-semana. Viu-me licenciado e viu-me sair de casa dos meus pais.



A Dona Natália, cuja história pessoal se funde com a nossa história naquela casa, desde sempre e até ao dia em que de lá saí, tratou-me por "menino".



Chegou a ser a causadora de eu me ter tornado alvo de chacota durante uns tempos. Depois de licenciado, já a trabalhar, mas ainda em casa dos meus pais, um dia toca o telefone. Uma chamada profissional. Perguntam pelo dr. Disse. Como sempre, e sem mácula, a Dona Natália responde: "Só um bocadinho, que vou ver se o menino já acordou".



A Dona Natália batia à porta do meu quarto de manhã. Perguntava se podia entrar e trazia-me o pequeno-almoço. Sempre o que eu mais gostava.



Nunca se esqueceu de um aniversário meu e sempre me oferecia qualquer coisa feita por ela.



Mas a idade limitou-lhe os movimentos e embora contrariada, decidiu que era hora de parar de trabalhar. De ir para sua casa. De descansar.



Faz agora dois anos que saiu.



Um dia destes fui almoçar a casa dos meus pais.



Quando saí do carro reparei que estava alguém nas traseiras do prédio, nas escadas para o terraço. A figura era-me familiar. Aproximei-me. Era a Dona Natália. Sentada nas escadas chorava.



Que se passa Dona Natália?



Ó menino que não quero que me veja assim. Ó menino que cada vez que aqui passo não me aguento e choro. Ó menino que saudades. Ó menino que infelicidade já não poder trabalhar. Ó menino que vocês me fazem tanta falta.



E eu sentei-me nas escadas ao lado da Dona Natália. E abracei-a.



Obrigado, Dona Natália. Por tudo.

A passadeira central

Chegaram assim. Sem aviso. Numa plácida e queda Quinta-feira. Máquinas, tubos, pedras, camionetas e camiões, tractores, contentores e afins. Tudo aqui à frente de casa. Tudo aqui na "praceta", tudo aqui na "quinta".

O burburinho cedo começou. Que se passa? Que se passará? Que vão fazer aqui? O mistério adensava-se à medida que os dias iam passando e cada vez se via mais parafernália. Gente... nada. Veio o fim-de-semana. Nada.

Veio a Segunda, veio a Terça, a seguir a Quarta e a Quinta... nada.

Veio a Sexta. E com ela cartazes. "Obra a cargo da Junta de Freguesia". Por baixo um desenho técnico das obras que se iniciariam e que todos foram ver. Uns juravam a pés juntos que seria um jardim. Outros garantiam que aquilo era um fontanário. Outros um parque infantil. Outros, mais cautelosos, aventavam que seria "uma merda qualquer".

Uma semana e meia depois começavam os trabalhos.

Com uma precisão mecânica suiça, impreterivel e impressionantemente, chegavam todos os dias entre as oito e meia e o meio-dia menos um quarto. Ao meio-dia paravam.

Dois africanos, um magrebino e um europeu de leste.

Se chovia, paravam os trabalhos para se abrigarem da água.

Se estava sol, paravam os trabalhos para se abrigarem dos mortíferos raios solares.

Se estava nublado, paravam os trabalhos para se abrigarem da depressão.

Feliz ficou o dono do café da esquina que no período da manhã começou a aviar não só os sempre monótonos cafés, mas as fresquinhas "mines" que saiam ora à cadência dos raios de sol ora à cadência das gotas de chuva. Ou disfarçadas na bruma.

Muitas vezes também os quatro trabalhadores viam-se forçados à incrível e cruel injustiça de terem que levantar o recto do tabique e correrem(!!!) para a obra porque vinham os 8 coletes amarelos que por uma hora os cercavam. Dois representantes da Junta, um representante da Cãmara Municipal, um arqueólogo, um engenheiro, o "dotôr", um fiscal camarário e um tipo que ainda que com colete amarelo e capacete enterrado nos cornos, nunca fez outra coisa senão estar ao telemóvel.

A coisa durou 7 semanas.

Na oitava semana apareceu a grande placa: "Passadeira Central".

Pois foi. Dois meses e uns valentes milhares de Euros depois, surgiu uma passadeira/lomba de proporções himalaicas em calçada e alteração dos parqueamentos. A "passadeira central" liga nada a coisa nenhuma. Nem os cães lá passam. Perderam-se mais de 15 lugares de estacionamento. O camião do lixo já não consegue passar. O camião da reciclagem já nao vem. Os carros mais baixos batem no asfalto se vão a mais de 3 Km/h.

Mas estamos muito mais felizes. Podemos morrer em paz.

Temos uma passadeira central.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Regresso

E agora que novos ventos de mudança sopram na Pátria, é hora de regressar ao há-des ver. Um especial obrigado a ti, Malena.

terça-feira, 8 de março de 2011

Deus tem os que mais ama

E foi assim. Em pouco mais de um mês mais uma notícia das que nunca se quer ouvir. Mais uma morte, mais um desaparecimento. Começo a ficar farto da finitude da vida que me dá tanto trabalho a sustentar, farto das minhas preocupações que de um momento para o outro não parecem nada quando tudo acaba mas que não me deixam ser feliz. Mais um vazio. Mais uma falta. Deus tem e chama os que mais ama, é verdade, mas porque temos nós que sofrer por uma coisa que nos deveria então dar de alguma forma conforto e paz?
Estou farto de ver partir tanta gente. E o mais estúpido de tudo é que cada dia que passa está mais perto uma partida de alguém que conheço que gosto ou que amo. E cada dia que passa está mais perto também o meu fim e o teu.
Tenho tantos problemas para resolver...
Tenho tantas coisas que quero viver...
Tenho tantas coisas que quero experimentar...
Quero dizer a tantas pessoas que já não vejo ou ouço desde sei lá quando, que são importantes para mim...
Tenho tantos beijos e abraços para dar...
E temo não conseguir chegar a todos e a tudo na minha finitude.
E escorrem-me lágrimas enquanto escrevo isto porque passaria outros tantos anos de vida dos que já tenho só para agradecer a Deus o que me deu e a todos os que tenho no coração o que me deram que são os culpados de eu ser assim. E eles são os meus deuses dos dias e das noites.
A vós, o meu obrigado por existirem, o meu amor por me amarem, o meu tudo pela vossa simples existência, que faz mais belos os meus dias.
A Ti, meu Deus em que creio, peço-te que me dês só mais tempo. O necessário para agradecer a todos os que de algum modo me fazem sentir aquilo que tu queres que eu sinta como Teu filho.
A todos os outros que nunca lerão estas palavras ou nunca ouvirão da minha boca aquilo que lhes quero dizer, deixo as palavras da minha querida e amada Senhora Guiomar, que com 98 anos, sem saber que era a última vez que me via, disse-me: "Não sei quando nos voltaremos a ver nesta terra, mas tenho a certeza que nos encotraremos no céu. Até ao Céu!"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ventos de mudança (ou como tento desesperadamente manter este blog, escrever coisas sérias, oportunas ou não, ou como um título pode ser enorme)

Tenho seguido atentamente a actualidade internacional, nomeadamente estas "revoluções" que se iniciaram na Tunísia, tendo-se alastrado, umas com mais sucesso, outras com mais insucesso, ao Iémen, Egipto (com P), Bahrein, Irão e Líbia.
Temo que estes ventos de mudança sejam prenúncio não de uma bonança mas de um vendaval ou de uma borrasca digna de alerta vermelho pela nossa protecção civil.
A verdade é que vejo atónito as reportagens jornalísticas de cadeias de televisão de todo o mundo (fiz questão de ir vendo o ponto de vista da CNN, da BBC, da RAI, da Al Jazeera, e claro está, das nossas portuguesinhas). É escandalosamente visivel a histeria de jornalistas e comentadores que falam à boca cheia de "liberdade", "democracia", "nova era", "despertar", etc, etc.
A verdade é que por mais que me custe, não consigo ver o rosto de uma oposição, de uma ideia séria por trás destes movimentos. Já não sou inocente o suficiente para acreditar que são manifestações espontâneas de "descamisados". O ocidente lança foguetes e apanha canas a cada dia que passa, subestimando (o que é muito mau) ou ignorando (o que é pior) o que está por trás de todo este processo. Curiosamente (exceptuando o Irão) todas estes tumultos se dão em países em que a pseudo-democracia (não nego que nenhum deles seja uma oligarquia ou ditadura encapotada) é manifestamente pró-ocidente e onde os costumes e fanatismo islâmico é mitigado. Ora isto leva-me a crer, vendo que a Irmandade Muçulmana já começa a assomar ao postigo da oportunidade, que se a coisa estava mal, pode efectivamente piorar. Não deve o ocidente já congratular-se com a mudança quando esta pode trazer um pesadelo. É que ninguém parece lembrar-se que a Irmandade Muçulmana era precisamente e de uma forma aberta, contra os regimes da Tunísia, Líbano, Egipto, Líbia e Marrocos (does that rings a bell????) por serem demasiadamente pró-ocidentais, sendo o lema da organização: "Deus é o único objetivo. Maomé o único líder. O Corão a única Lei. A Jihad é o único caminho. Morrer pela Jihad de Deus é a nossa única esperança".
Tenho medo. Muito medo que estes barulhos de estouros que ouvimos e que cremos que sejam de foguetes a comemorar a liberdade não sejam o aviso dos estouros que ouviremos nas nossas ruas e nas nossas cidades daqui a pouco quando os países "libertados" revelem verdadeiramente as suas intenções para connosco.

Deus, Alá, Buda, Shiva, ou quem quer que seja que interfira com isto, que meta juízo naquelas cabeças. Por favor.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

RIP

Menina viu avô matar o pai a tiro - JN


A notícia chegou-me com a violência com que as balas te entraram no corpo, meu amigo. Ainda me custa a acreditar, meu amigo, que não te voltarei a ver. Ainda há pouco tempo conversávamos sobre o quanto amavas a tua filha, meu amigo, e todas as dificuldades que tinhas para poder estar com ela. Mostraste-me o vídeo que fizeste com o telemóvel no Natal, vi-te os olhos a brilhar num misto de orgulho e tristeza por não te deixarem estar mais tempo com ela, meu amigo. Vimos as fotos da tua filhota e partilhaste comigo os teus medos, as tuas alegrias, as tuas dores e as tuas esperanças. Estavas novamente e depois de muito tempo, a refazer a tua vida. Já tinhas uma nova companheira e ias ser pai outra vez em breve. Estavas feliz, meu amigo.
E de repente, tudo acabou. Desta maneira estúpida. Deste modo cruel.
Mataram-te, meu amigo. Assassinaram-te, meu amigo.

Descansa em paz, Cláudio, meu amigo. Hoje choro e rezo. Por ti.



domingo, 23 de janeiro de 2011

23 de Janeiro de 2010

PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA.

VIVA PORTUGAL!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sabes?

Sabes?
Sabes quando pensas que por um minuto, por um instante, podes pensar em ti, porque não estás bem, porque parece que tudo bateu no fundo, sabes?
Sabes quando por um momento, esqueces aquela história de que a esquerda não saiba o que a direita deu? Sabes?
Sabes aqueles momentos em que não é querer cobrar, mas querer por precisar de colo e atenção, de um favor, sabes?
E dás por ti a pensar em tudo o que fizeste. Está certo, foi tudo desinteressadamente, foi tudo de uma forma perfeitamente gratuita e altruísta, foi tudo porque és assim, e foi assim que te ensinaram a ser: Dar sem esperar receber. Sabes?
Sabes quando a tua fortaleza, a tua muralha começa a dar de si, fraqueja, duvida das bases que outrora pensavas sólidas, sabes?
Sabes quando num instante tudo te parece negro e pedes, quase sem saber como fazer, ajuda? Sabes?
Sabes quando tomas consciência que não sabes pedir ajuda porque durante tanto tempo foste tu que ajudaste mesmo que não te tivessem pedido?
Sabes?
Sabes o que é lutar com os teus demónios interiores porque te sentes incapaz de por ti só continuar a carregar o mundo (o teu e o dos outros) às costas? Sabes?
Sabes quando precisas mesmo mesmo MESMO e tens, de modo atabalhoado, que pedir ajuda, pois o teu jugo é demasiado? Sabes?
Sabes quando parece (e eu tenho só a certeza que não) que o teu Deus te abandonou?
Sabes?
E sabes quando tens de resposta um “epá não posso”, um “epá, não da jeito”, um “epá, não calha” um “epá....”?

Pois. É Fodido.
Mas é quando és fraco que és forte. E manda tudo e todos à merda por uma vez e preocupa-te contigo. Só contigo. Porque podes, porque calha, porque assim aprendes. E constróis-te mais sólido que nunca, e não contes com os outros. Porque se o queres feito, tens que ser tu a fazê-lo, mas da próxima vez, antes de pré-ocupares e te preocupares trata de ti, cuida de ti, mima-te, que já mereces.

Já sabias disso, não sabias?

E porque esperaste até hoje para te amares?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ansioso pelo resto do dia.

Tudo começa com um sonho. Um estúpido sonho. Sonhava que os três despertadores que são necessários para quotidianamente me arrancarem da cama estavam aos berros. No meu sonho, desligava-os mas eles continuavam a debitar decibéis de desespero. Um barulho infernal. E eu já com uma camada imensa de nervos por não conseguir calar os bastardos.
Afinal era um misto de sonho com realidade e eles estavam verdadeiramente de pulmões abertos. Eu é que estava a sonhar que os estava a tentar desligar. Abro os olhos, vejo as horas.
CARA***!
Salto da cama, piso o cão, cão queixa-se, cão morde-me a perna por vingança, escorrego à saída do quarto, felizmente o chão ampara-me a queda, não tenho água quente, vou ver o que se passa, relógio não pára, já tenho água quente, tomo duche, falta novamente a água quente, vou a pingar e tremer cheio de gel de duche no corpo pela casa fora ver outra vez o que se passa, volto a escorregar, desta vez só bato com o cotovelo numa esquina e fico com uma dor fininha que me faz ganir, cão acompanha o concerto, acabo duche, visto-me ao mesmo tempo que como alguma coisa e ponho a trela no cão. Saio. Chove quanto Deus a dá. Volto a casa, pego no guarda-chuva, volto a sair, os senhores da câmara decidiram que era hoje que iam capinar a selva que outrora foi um jardim, vou para o percurso alternativo, todos os outros cães e respectivos donos o fazem, cães a mais e espaço a menos, chove ainda mais mas desta vez com rajadas de vento, cães engalfinham-se uns nos outros, guarda-chuvadas em cães e donos, caos canino total, volto para casa encharcado, com o gurada-chuva já estragado por causa do vento e da porrada, continuo atrasado, saio, esqueço-me novamente do guarda-chuva, volto a casa, saio, esqueço-me da papelada, volto a subir, saio, esqueço-me do lixo, volto a subir, o cão já tinha dado conta que o saco do lixo estava ali a pedi-las, largo tudo, limpo tudo, pego no saco do lixo, saio, esqueço-me outra vez da papelada, volto a subir, volto a descer. A cabra da vizinha que tinha estado sempre durante este tempo todo no hall do prédio atira-me um "manhã agitada, ein?", e eu quase lhe digo em voz alta que mesmo assim há-de ser menos agitada que a vagina dela, a avaliar pelo entra e sai de gajos em casa dela durante todo o dia e noite. Olho para o relógio, calafrio na
espinha, carrego-lhe no acelerador. Por cerca de 5 metros. Trânsito muito lento. Chego quase uma hora atrasado. Peço desculpa. Desculpa porquê? Não é hoje.... É de hoje a oito.
Páro. Saio. Meto-me no carro, desligo o rádio e faço um minuto de silêncio.

Ansioso pelo resto do dia....