"O prometido é de vidro"
Antes de começar as "abenturas" propriamente ditas, necessário se torna contextualizar, pelo menos num primeiro momento, as personagens desta saga. Confesso que o Bítór, a esse, nunca o vi. Só dele ouvi falar. Mas tanto dele sei que se um dia o encontrar na rua, saberei identificá-lo, e dar-lhe-ei um forte abraço ao mesmo tempo que castigarei a vida por nos ter apartado tanto tempo, dado já o conhecer intimamente desde o berço sem saber quem é.
À personagem principal do folheto, e heroína no caso (o conceito ambivalente, Deus que mo perdoe, suponho ser aplicável na sua plenitude) já lhe sei o nome. Para já não interessa, que é daquelas pessoas a quem o nome não bate com a cara.
Não tem cara do nome que tem.
Assim sendo, rebaptizo-a. Será a Cidalisa. Assenta-lhe que nem uma luva de latex nas mãos enrugadas que tremem a cada tossidela.
Cidalisa terá cinquentas e qualquer coisa. Não sei. É uma figura esquelética. Peles enrugadas que lhe caem pelos ossos abaixo. A cada frase um cigarro, a cada frase uma cerveja. Terá metro e setenta, quem sabe. A pele entre o cinza e o castanho não deixa perceber se gosta de sol ou não. Os olhos encovados não deixam perceber para onde olha, se é que olha. Mas tem uns dentes lindos (tanto um como o outro).
Sabe de tudo, opina sobre tudo com a certeza de quem debita verdades universais.
Todos os outros intervenientes são os inúmeros cidadãos anónimos com nome, que no vai-vem de sentar e levantar de cadeira, gritam em segredo para quem os quer ouvir as alarvidades da sua triste existência. Ou porque são/foram amigos do Bítór, ou porque são amigos/interessados/conhecidos da Cidalisa.