domingo, 6 de setembro de 2009

Socorro!

Carta aberta a quem possa fazer alguma coisa. Urgentemente!


Com este, são sete os fins-de-semana que não passo sossegado (assim o canídeo esteja virado para adorar Morfeu, coisa rara), no sentido em que não estou em casa. Ou são viagens, ou são casamentos em terras longínquas, ou são aniversários fora de mão, ou são férias, ou, no caso do presente fim-de-semana, o encontro anual da família materna.
Com efeito hoje foi o 14º encontro. Rapidamente passo o episódio do tormento da manhã (vide 2º post deste vosso servo) para chegar à cidade anfitriã do encontro deste ano: Pinhel - cidade portuguesa, pertencente ao Distrito da Guarda, região Centro e subregião da Beira Interior Norte, com aproximadamente 2.578 habitantes...
Ora, as forças cósmicas estavam todas conjugadas para proporcionar um esplêndido dia, como nos 13 anos anteriores.
Chegados ao pequeno complexo onde se realizaria o encontro, ainda mal habituava os meus pulmões ao ar verdadeiramente são das Beiras, começam a ressoar nos troncos sossegados dos imponentes castanheiros que ali reinam desde sempre, umas quantas buzinas. Normal, penso. Um burgesso que fez uma manobra típica, gente que se adianta umas horas na comemoração da vitória da Selecção Nacional sobre a Selecção Viking (a esta hora o jogo, que ouvi na telefonia, já terminou e recusar-me-ei a tecer qualquer comentário ao resultado).
Não.
Paulatinamente as buzinas foram-se aproximando, e a encabeçar o cortejo de poluição sonora, eis que entra no parque de estacionamento uma carripana asfixiada em tule branco – franca e notória poluição visual – seguido de um sem número de carros também devidamente decorados (ou indecorosos). Um casamento tipo “marriage”!!!!!!!!!! A ter lugar na sala ao lado da nossa!
Medo. Muito medo!
Rapidamente procuro nos bolsos um comprimido de Arsénio. Nada.
Corro ao bar e pergunto se têm cicuta. “Só Coca-cola, martini, gin, água tónica, sumos ou vinho, senhor. Disso não temos”.
Facas afiadas para cortar os pulsos, também não havia.

Pois bem, e resumindo muito, pois enquanto escrevo estas linhas já me levantei três vezes para ir vomitar com a força das imagens que o meu cérebro insiste em repescar, e não aguento muito mais neste estado de nervos, digo:

- Que o noivo e a noiva devem ter atingido a maioridade ontem;
- Que ela se não estava muito grávida ou muito gorda, estava seguramente a esconder simultaneamente a mesa dos enchidos, a dos queijos e a dos doces debaixo do vestido;
- Que ninguém explicou ao noivo que um fato dourado só se usa quando se quer utilizar militarmente a táctica do quadrado, num dia de sol, para cegar o adversário;
- Que a meia branca não ajuda a compor o ramalhete;
- Que a “tupperware party” ontem na localidade deve ter sido um sucesso comercial a avaliar pela procissão de gente que ia enchendo as malas dos carros;
- Alguém avise aquela gente, por caridade, que há que ter cuidado com a quantidade de rissóis, croquetes e chamuças que põem nos bolsos dos casacos e carteiras, porque facilmente, com pouco movimento, caiem sempre um ou dois e dá nas vistas;
- Que os palitos, meus senhores, não são para colar ao canto da boca e aí permanecer indefinidamente;
- Que fatos de lã, com colete, além de já terem passado de moda, só se usam no Inverno;
- Que mesmo que às Senhoras doam os pés, não se muda para “crocs” violetas durante as festividades;
- Que um desodorizante custa menos que um maço de tabaco. E dura mais;
- Que não vale comprar as mesmas capas de edredon que eu para fazer vestidos;
- Que convém às moças depilarem pelo menos as pernas antes de diminuirem publicamente a minha masculinidade;
- Que ir de galochas e calças de ganga pode não ser boa ideia;
- Que depois do caldo verde convém (mera sugestão) ver se não há fios de couve pendurados nos dentes ou nos bigodes (deles e delas).


Posto isto:

- A minha refeição soube-me a cortiça;
- O convívio familiar ficou inquinado;
- Já lá vai uma embalagem inteirinha de Eno e a azia não passa.

E agora o meu repto, a quem de direito, e que tenha algum poder:

Não se pode proibir isto? Não podemos introduzir a lógica dos Kolkozes e dos Solfkozes para estas coisas?
Se os sujeitos de etnia cigana têm direito a terrenos só para eles, longe de tudo e de todos, se aos judeus foi dado um território inteiro para lá fazerem o seu país, se já há salas de chuto, se há hectares e hectares de terras (queimadas ou não) longe de sítio nenhum, livres e disponíveis para estes cultos, NÃO OS PODEMOS MANDAR TODOS PARA LÁ???????? RAPIDAMENTE E EM FORÇA??? (se aceitarem sugestões de locais, conheço um que seria perfeito. No meio de imensas árvores, passarinhos, ribeiras e verde. Chama-se CAMPO DE TIRO DE ALCOCHETE!!!! E está tão na moda.....).

6 comentários:

  1. Adorei o texto e desculpa lá mas assististe ao verdadeiro casamento português... É sempre bonito de ser ver lol...

    (ou não, ou não)

    ***

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  2. Gostei tanto que vim cá ler outra vez!

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  3. ES tão injusto... E depois íamos falar de que??

    Eu gosto é de ver essas muito gravidas a casar de branquinho imaculado e de florinha de laranjeira...
    Quanto ao povo que açambarca com as "tamparuéres" para dentro da "vuature", como sabes, não posso falar muito.
    No meu casamento era ver carrinhas e carrinhas cheiinhas de queijo da serra e de presunto...

    (suspiro)

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  4. OH!Oh! isso era o casamento da minha prima, Andreia! Não me VISTES lá? Diz que não vinhas e, afinal, VIESTES!

    Ah! e Pinhel??!! Pinhel é muito mau... Não admira que tenhas presenciado "tal algo" (leia-se: a minha prima Andreia!)

    Hadesia-ver melhor!

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