Vagueio pela cidade. Ando a procura d´Ele. O dia decidiu ser abafado, quente, com uma neblina sufocante. A mistura explosiva: Calor e humidade extremos. Mas parece um nevoeiro de dia frio de inverno. Ando à procura d´Ele. A minha pré-noção geográfica da cidade é um completo engano. Mal O encontre, vou ao encontro d´Ele e vou visitá-Lo. A seguir quero ir ao Pão de Açúcar. Hoje não me apetece escrever mais, pois acabei de O ver.
Pego no meu caderno aos Seus pés. É impossível não escrever. A Sua grandiosidade, as vistas que d´Ele se têm... Penso em como seria a utopia de estar ali sozinho. Impossível, pois centenas de formiguinhas turísticas querem tirar fotografias deitados, em pé, assim, assado, e quando se vão embora chegam mais umas centenas que só estão, não para viver o momento, mas para fugazmente fotografar o momento. Decido por mim, como sempre, ser pretenciosamente diferente. Perante olhares atónitos e estúpidos, escrevo nas minhas folhas enquanto respiro tudo o que me envolve, debruçado sobre o nada. Toco, cheiro, sinto, dou a volta, sempre a tocar, a sentir.. E eis que..... Ei-La. Na base d´Ele está, mas escondida porque a porta é na parte de trás, onde ninguém vai, uma capela de N. Sra “de” Aparecida. E lá está Ela, pequenina, no altar. Entro, sento-me e contemplo. Somos poucos. Há gente muito bem vestida que reza, há gente muito humilde que num pranto não controlado não pede nada, só agradece o facto de estar mais um dia com saúde e ter os Seus vivos. Emociono-me. Choro. Rezo.
O turbilhão de emoções que vivi não me permitem escrever mais. A minha máquina fotográfica que fale por mim. Talvez esta noite pinte mais palavras no papel pardo.
Amanhã serão as fotografias do Pão de Açúcar, também tiradas neste dia. Só imagens. Nada mais.