sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem V

Gama.

Vagueio pela cidade. Ando a procura d´Ele. O dia decidiu ser abafado, quente, com uma neblina sufocante. A mistura explosiva: Calor e humidade extremos. Mas parece um nevoeiro de dia frio de inverno. Ando à procura d´Ele. A minha pré-noção geográfica da cidade é um completo engano. Mal O encontre, vou ao encontro d´Ele e vou visitá-Lo. A seguir quero ir ao Pão de Açúcar. Hoje não me apetece escrever mais, pois acabei de O ver.














Pego no meu caderno aos Seus pés. É impossível não escrever. A Sua grandiosidade, as vistas que d´Ele se têm... Penso em como seria a utopia de estar ali sozinho. Impossível, pois centenas de formiguinhas turísticas querem tirar fotografias deitados, em pé, assim, assado, e quando se vão embora chegam mais umas centenas que só estão, não para viver o momento, mas para fugazmente fotografar o momento. Decido por mim, como sempre, ser pretenciosamente diferente. Perante olhares atónitos e estúpidos, escrevo nas minhas folhas enquanto respiro tudo o que me envolve, debruçado sobre o nada. Toco, cheiro, sinto, dou a volta, sempre a tocar, a sentir.. E eis que..... Ei-La. Na base d´Ele está, mas escondida porque a porta é na parte de trás, onde ninguém vai, uma capela de N. Sra “de” Aparecida. E lá está Ela, pequenina, no altar. Entro, sento-me e contemplo. Somos poucos. Há gente muito bem vestida que reza, há gente muito humilde que num pranto não controlado não pede nada, só agradece o facto de estar mais um dia com saúde e ter os Seus vivos. Emociono-me. Choro. Rezo.










O turbilhão de emoções que vivi não me permitem escrever mais. A minha máquina fotográfica que fale por mim. Talvez esta noite pinte mais palavras no papel pardo.

Amanhã serão as fotografias do Pão de Açúcar, também tiradas neste dia. Só imagens. Nada mais.

16 comentários:

  1. Chiça, homem!!!
    Emocionares um mulherão do meu tamanho logo p'la manhã, devia ser proibido!!!!

    (eu acho que Ele também te viu...)

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  2. Estou arrepiada...porque me emocionei...muito!
    É verdade que quem crê, sente-O mesmo nas situações mais insignificantes mas por vezes, perante a grandiosidade, esse sentimento quase nos esmaga...no bom sentido, claro!

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  3. Não sei do que gostei mais: a grandiosidade de uma imagem que faz parte do imaginário colectivo, ou a reverência de um lugar escondido cheio de significados :)

    (eu acho que vou ficar mal habituada com estas notas :))

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  4. Gostava muito, mas mesmo muito, de ter essa tua fé! Assim, limitei-me a emocionar-me com a beleza da vista e a trazer o pratinho com a foto de grupo que agora jaz no fundo de uma gaveta (não dá para pôr em lado nenhum, não é?). :-)

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  5. Que bom que deve ser sentir-se essa paz. essa tranquilidade, essa referêcia, com este texto percebo ou penso que percebi, o tipo de felicidade que procura... momentos de magia difíceis de descrever.
    Sinto-me tão pequenina quando leio estes testemunhos...
    Abracinho

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  6. Acho que te consigo imaginar de Mouleskine na mão...

    Há sitios assim, eu senti uma vez e relembrei agora nas tuas palavras.

    Continua, conta-nos mais...

    Um abraço*

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  7. Fiquei emocionada!
    Eu sinto-me sempre assim em Fátima.
    beijinhos

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  8. Espero que sim, que Ele me tenha visto...:)

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  9. Cláudia:

    É verdade,mas é preciso sublinhar que isso também nos faz sentir muito maiores. :)

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  10. Rosa Negra:

    Descobrir pequenas coisas no meio das grandiosidades faz-nos pensar que não somos assim tão pequenos, certo?

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  11. Malena:

    Todos nós temos fé. Muita e muito grande. Pode é ser num qualquer Deus, numa pessoa, numa coisa, num sentimento. E para mim não há diferenças nas várias fés. É fé, dá força, calma e é um porto de abrigo.

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  12. Maria Teresa:

    É exactamente isso! Em Cheio!

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  13. JS:

    Contarei, mas a próxima é só imagens, nada de palavras.

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  14. Nina:

    Obrigado pelo comentário! Quando nos sentimos assim, parece que tudo em nós estremece e faz-nos sentir vivos, não é?

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  15. Apenas um abraço! Não conseguiria dizer nada que transmitisse o que senti (lá) do modo que o fizeste! Por isso...calo-me e agradeço.
    Um abraço!

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  16. Rui:

    Envergonho-me de orgulho, o que é a primeira vez que faço.

    Um forte abraço.

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