quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Notas de uma viagem IV

Beta:


Acordo com o amanhecer já noutro continente. Ali em baixo já é América.






Destino final: Rio de Janeiro - Brasil. A pergunta impõe-se. Será assim tão maravilhosa a cidade?





Saio do aeroporto. O calor, a humidade e os cheiros inundam-me. Quase me sinto zonzo, quase me desiquilibro. As pernas entorpecidas por quase dez horas de voo não ajudam. Mas tenho que reagir. Quero começar desde já a deixar que a simbiose comece. Sempre que viajo para um sítio que não conheço tenho que me misturar com as gentes, saber identificar os cheiros, saber de cor as cores. Ser um conhecido entre desconhecidos, que de ser desconhecido entre conhecidos estou eu farto.
O calor e a humidade são em demasia. Sensação térmica de 50 graus, dizem-me. Não duvido, não ponho em causa. Tento que os meus pulmões se ambientem, se adaptem, que consigam respirar com normalidade. Sinto que estou a desidratar. Olho bem à minha volta e preparo-me para o que aí virá sem saber do que se trata. Mas assim é que é bom, assim é que eu gosto, assim é que sou feliz.
O caminho do aeroporto até ao meu refúgio temporário é feito de silêncios. Olho, vejo, observo, tão só. E penso. Penso que a minha fiel máquina fotográfica, que mal lhe destapei a objectiva embaciou como se me dissesse que também ela transpira, irá começar a gostar do seu novo desafio.
Procuro o mote da minha viagem, procuro o fio condutor da minha estada, procuro a razão de ter ali chegado. E como se as minhas preces tivessem sido ouvidas, ali estava. Pintado numa viga de um viaduto, que consegui capturar em movimento. Encontrei. É este o sentido desta viagem. Estou pronto. Que comece.




18 comentários:

  1. Também tive essa sensação de "abafo"quando pisei terra.
    O mote da viagem comoveu-me;só espero que sejas feliz sem precisar de ser a brincar :)
    (continuo grudada à espera de mais)
    beijinho

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  2. Touché!!
    (e agora faço o quê? peço uma caipirinha enquanto espero pelo resto?...) :)

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  3. AMEI a ultima fotografia... : )
    Que delícia...

    (só mesmo a tua sensibilidade para capturar um momento destes... es uma ternura mesmo...)

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  4. Dizem que sim. Vou aí, lá para Setembro...

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  5. Ninguém é totalmente feliz, temos momentos maiores ou menores de felicidade... Eu sou muito alegre mas não estou sempre feliz, a felicidade vem em ondas de mar calmo ou mar bravio.
    Revela uma sensibilidade muito grande... mas "não brinque a ser feliz", busque sem ser a brincar a felicidade. Dentro de si já sabe por onde ela passa?
    Abracinho

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  6. Brincar a ser feliz só pode fazer-se se realmente se estiver feliz! O Rio é uma cidade linda mas confesso que, quando lá estive, nunca me consegui abstrair da miséria mesmo ali, no meio da floresta da Tijuca, nem do sentimento de insegurança. Não fora isso e seria perfeita!
    Aguardo o próximo capítulo. :-))

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  7. Oh essa ultima imagem é deliciosa...

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  8. "Viajar Perder países ser outro constantemente
    Por a alma não ter raízes de viver de ver somente" Fernando Pessoa
    Não me importava nem um bocadinho de viver de ver somente ;)

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  9. Já estava com saudades!

    Gostei da frase, mas o sentido de "iniciarmos" esta viagem pelas tuas mãos, deu-me muita vontade de ler os próximos capitulos.

    Acho que vamos todos brincar de viajar...

    Um abraço**

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  10. Anna^:

    Sou feliz sem ser a brincar, mas às vezes, quando a coisa não corre de feição, gostaria de ter a força de "brincar de ser feliz".

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  11. Rosa Negra:

    Foi essa a minha ideia também ali mesmo. Depois disso, sentar-me, beber uma caipirinha e ver o que vem a seguir.... E vem já....

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  12. Joanissima:

    Sabes que as minhas fotografias não são propriamente as que todos tiram e as que ficariam bem num postal...

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  13. Há.dias.assim:

    Vale a pena. Sem dúvida.

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  14. Maria Teresa:

    Eu sou feliz, mas às vezes, precisamente quando estamos só alegres, não apetece "brincar de ser feliz"? Nem que seja só a brincar?

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  15. Malena:

    Em relação a isso, há tanto que dizer... e vem em breve, pois também me tocou. Muito.

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  16. S*:

    Fiquei mesmo contente quando tomei consciência que tinha conseguido fotografar. Foi mesmo assim. Bruto, directo e em cheio.

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  17. Ana C:

    Mas, independentemente do modo, o que impora mesmo é VIVER e estar vivo, não é?

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  18. JS:

    Confesso que também já estava com saudades das tuas passagens por aqui. Muito, muito obrigado.
    Espero não desiludir.

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