É o segundo aniversário do Gui!
Este é o Gui! O meu cão!
Faz hoje 2 anos (o que contra tudo o que sempre pensei em termos de conhecimento canino - achava que seriam 14 anos humanos - e no que ao seu caso concreto diz respeito, equivale a 25 anos de gente).
1 ano e 10 meses comigo.
Sempre adorei animais. Nunca esquecerei dos Natais frios na aldeia da minha "Tia Tina", em que acordava com 4 ou 5 gatos debaixo dos 7 lençois e 30 cobertores (faz muito frio para aquelas bandas. Neva no Natal!!!) que ela punha como modo só dela para me acordar. E era tão bom.
Eu não queria um cão. Ou melhor, sempre desejei e nunca - por forças das circunstâncias que eu mesmo ia criando - fui capaz de ter um.
Há coisa de um ano e dez meses vi, quase por acidente, uma cadela que tinha sido abandonada pelos donos pelo simples facto de ter emprenhado. Teve 7 crias. Machos - 5, Fêmeas - 2.
Fui ver os "bebés".
Acariciei um, peguei num outro, todos contentes pelo afecto que lhes estava a dar. Fiz a minha boa acção do dia, pensei...
Mas, quando pego numa específica e determinada bolinha de pêlo preta para também o afagar, agarra-se à minha camisola com as unhitas, começa a tremer como nunca vi um animal tremer e começa a lamber-me o pescoço e cara como se me conhecesse desde sempre, e como se desde sempre estivesse à minha espera.
- "Não o posso deixar aqui".
E não deixei.
Desde então a minha vida mudou.
Tive que mudar de casa (duas vezes) para NOS adaptarmos ao espaço. Descobri (da pior maneira) que não podia deixar as coisas de que mais gostava não à "mão-de-semear", mas à "pata-de-roer".
Fiquei sem candeeiros, carregadores de telemóveis, livros (leu um interinho de trás para a frente) e Cd´s;
Fiquei sem carteira, cartões multibanco e de crédito de tão roídos os deixou (estando até hoje sem saber por que raio só escapou o cartão de contribuinte....);
Fiquei sem as minhas plantas favoritas, um pedaço de canto de parede, móveis, calçado e outras coisas que tal.
Fez com que, e durante muito tempo, cada vez que subisse no elevador para entrar em casa, me viessem suores frios e um franco estado de nervos com medo do que poderia encontrar em casa, e no estado em que poderia encontrá-la;
Fez com que viesse a saber que os cães também podem ser hiperactivos e fazerem recorrentes crises de ansiedade ("Clomicalm 20 mg, um comprimido logo pela manhã durante 3 meses");
Fez com que entrasse no maravilhoso e milionário (para eles) mundo dos veterinários;
Tive que o castigar muitas vezes. Leu o "Público", versão enrolada quando se portou mal, e o "Expresso", em versão também enrolada quando se portou muito mal.
Mas é o meu Gui. É o meu cão. Que responde quando o chamo: "Gui", "Cão", "Zé" ou "Vem cá".
É quem conhece o barulho do motor do meu carro, e mal entro no bairro fica à espreita na varanda, recolhendo as orelhitas de satisfação e soltando ganidos (baixinhos, que sabe que não pode fazer barulho) por seu dono chegar.
Chego a casa muitas vezes exausto, triste, desolado, frustado da merda de dia que tive. Mas quando abro a porta de casa, o meu Gui faz-me a festa de quem tem o auge do seu dia naquele momento. Cumprimenta-me, lambe-me, salta à minha volta de contentamento.
O Gui é o "speed" do meu Ego.
Para o Gui as coisas só têm sentido quando eu estou por perto.
E quando me corto, me magoo numa esquina traquina, quando uma porta se mete diante dum pé meu, quando (por causa dele, faltava essa...) até um braço parti, lá vem o Gui, já tendo percebido que não estou bem, lamber-me, confortar-me, e aninhar-se junto a mim para me dar o seu quentinho.
Dorme aberto como um frango assado, mas basta eu espirrar para vir indagar se estou bem.
Este é o Gui. O meu cão.
Parabéns bicho!
Sabes, embora às vezes não pareça, o teu dono gosta muito de ti.